Setembro,
mês de muitos trabalhos nos campos com as colheitas de fim de verão
principio de outono. Mês de muitos outros voltarem aos seus
trabalhos e empregos, com as cidades a retomarem o bulício normal
das gentes que correrem sempre na ânsia de chegarem a casa para
poderem descansar a correr sem encontrarem tempo de calmamente
olharem o seu interior, pensarem um pouco no papel que pensaram para
a sua vida face à correria em que se deixaram envolver.
E
porque se vive num tempo onde os que mandam nas nossas vidas gostam
de normalizar tudo o que seja objecto e interfira com o normal ganho
de lucros especulativos e gananciosos, mudaram eles também o mês de
Setembro. Não o alteraram na ordem numérica dos meses do ano, mas
mudaram-lhe a configuração. “Doucement” o fizeram a pretexto de
a escola começar ao mesmo tempo em todo o território da União. Era
o mês de Setembro o último mês de férias grandes para os jovens
que andavam na escola, que podiam estudar, pois os outros que tinham
de trabalhar para ajudar ao sustento da família não conheciam essa
coisa de férias, garantir com trabalho o parco soldo que poderiam
receber pelo aluguer da sua força de trabalho era o destino dos
felizes filhos do Deus católico, para que a alegria dos pobres
reinasse no seio familiar. "Deus quer que seja assim" a
frase tantas vezes ouvida em jovem quando os olhos e ouvidos se
abriam para outras realidades mais justas e humanas. Hoje Setembro é
a loucura das ofertas do regresso às aulas, onde muitos professores
adeptos da normalização exigem dos alunos material de marcas
específicas sem terem a preocupação de conhecer a realidade
familiar dos seus alunos, como se a marca do material seja uma
importante ajuda à compreensão dos factos e à evolução do
raciocínio nas crianças e jovens.
Deixando
o passado, o presente mês de Setembro está a fazer jus ao verão.
Enquanto o país sua e arde com calor, aqui à beira mar sopra aquela
aragem fresquinha para que os corpos expostos ao sol não se queimem
demais. Os deuses do mar parecem hoje mais irrequietos, embora a
bandeira verde permita a alegria ingénua das crianças que na
rebentação das ondas gritam felizes com os mergulhos ou com o serem
arrastadas pelas ondas, enquanto os pais sempre atentos cuidam da sua
segurança não vá o diabo fazer das suas.
Pela
primeira vez de alguns anos a esta parte não irei passar os anos
contigo à nossa casa, para irmos os dois comer o nosso bacalhau à
brás às Termas de Monfortinho. Este ano irei estar pela Consolação,
onde foste e fomos felizes. Irei procurar sentar-me logo pela manhã
no banco quase em frente à janela do teu gabinete onde tantas sestas
gozaste. Sentado irei olhar a praia, aguardando que os deuses me
possam dar notícias do teu percurso nesse universo desconhecido aos
nossos cinco sentidos. Irei procurar almoçar umas sardinhas, como
tantas vezes comemos. Já não sou capaz de comer tantas como naquela
tarde em que feliz e apressado vim correndo da escola para te
comunicar a dispensa à prova oral de cálculo financeiro e dessa
forma acabar o ano escolar, podendo a partir desse momento ir à
praia. Como prenda, pude juntar-me a ti e aos teus amigos na
sardinhada que estavam fazendo, onde bati o meu recorde com 24
sardinhas no pão e muitos copos de vinho. Depois na outra semana,
irei então passar uns dias à nossa casa como gosto de fazer todos
os meses. E entre o cá é o lá andarei andando que o ano vai ruim.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.