sexta-feira, 28 de outubro de 2022

22.06.03

 

Continua longe da política caseira e da guerra por terras eslavas. Situação essa a que junta as reportagens televisivas sobre as festas que os ingleses promovem à sua velha rainha e que por cá os patrões que controlam a comunicação social promovem ininterruptamente de modo que até parece que a malvada da guerra passou para segundo plano na divulgação das mentiras difundidas pelo pensamento único oficial.

Como Republicano não dá um minuto de atenção a tanto desperdício. Nunca gostou da velha. Nunca se saberá a verdade sobre muitos factos da sua vida. Que papel teve na morte de Diana? É um desses factos. Como Republicano não perde tempo com desperdícios monárquicos. Conheceu pessoalmente o príncipe e futuro rei Carlos III e a princesa Diana na festa de inauguração da então filial do Banco Lloyds na Avenida da Liberdade em Lisboa. Foi convidado pela direção do banco, acompanhando o Diretor Geral da empresa farmacêutica francesa onde desempenhava as funções de diretor administrativo e financeiro.

É na leitura e na musica que encontra o seu refúgio. Quando era novo raramente ia ao cinema ver um filme pela publicidade que o mesmo tinha. Ia porque o título do cartaz lhe despertava curiosidade. O mesmo se passou e continua com os livros ou mesmo com os cd’s de musica embora agora use mais o YouTube.

Recorda-se de no dia do seu vigésimo aniversário depois de almoçar em casa o almoço melhorado que sua mãe lhes fez, apanhou o comboio no Apeadeiro de Cabo Ruivo e foi com um amigo até à Baixa Lisboeta. Era a altura do Natal. Não havia Centros Comerciais. O país vivia sob a ditadura chefiada por Marcelo Caetano e seus ortodoxos defensores do “Deus, Pátria e Família”. Nesse tempo de escuridão era a Baixa de Lisboa o maior centro comercial para as tradicionais compras natalícias. As ruas apinhadas de pessoas que entravam e saiam das lojas, também elas cheias de potenciais clientes. Andaram por várias dessas ruas espreitando as lojas. Quando desciam a Rua do Carmo entraram os dois na Livraria Portugal que estava apinhada de potenciais clientes que viam, liam e remexiam nos livros expostos nas várias bancadas existentes em busca da melhor oferta para a noite de Natal presentearem algum familiar ou amigo. Estavam no rés do chão da livraria quando viram um senhor de bom aspeto com alguma idade a escolher livros, a colocá-los dentro de uma pasta que ao estar cheia fechou-a e calmamente saiu para a rua sem passar pelo caixa a pagar. Os dois olharam-se incrédulos para de imediato cada um colocar um pequeno livro debaixo do braço por dentro do casaco e saírem sem o pagar. O seu primeiro grande roubo foi consumado. O livro, "A História Me Absolverá", o autor "Fidel Castro" custava 20 escudos. Ainda hoje tem esse pequeno livro consigo embora nunca o tenha lido integralmente. Nunca se sentiu «castrista». Solidário com o povo cubano no cerco imposto pelo imperialismo americano à Ilha mas sempre com um pé atrás no que toca ao modo como o poder foi exercido. Nunca sentiu interesse em visitar a Ilha como turista.

Neste tempo de agora a sua caminhada está dia a dia mais solitária. As posições fanáticas sobre a guerra, a cegueira do pensamento único ocidental fizeram-no fechar-se ainda mais sobre si próprio. Pouco se importa com o que os outros possam dizer de si. Procura a sua paz, só essa lhe interessa e o motiva. Não está fácil, mas não poderá desistir se quer realmente viver o resto do seu tempo de vida de bem consigo próprio. Reconhece que ao longo da sua caminhada cometeu erros. O bem que fez e terá feito, não o incomoda, fez o que tinha de fazer. Contudo dos erros cometidos e do mal que causou sabe que não há solução nem remédio, mas há um que com o passar dos anos não só se mantém presente como se vai tornando mais pesado. Um erro que cometeu mas que depois de ter vivido o que viveu, se vem tornando mais pesado na sua consciência, incomodando-o silenciosamente, como que a mostrar-lhe o que não deveria ter feito mas agora é tarde porque o passado ao não voltar não lhe permite emendar o mal que fez.


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