sábado, 29 de outubro de 2022

22.06.07

 

Acordou ainda o dia era anunciava a claridade, a manhã estava para chegar. Tomou consciência de ter dormido de um sono só. Será que tossiu durante o sono? O corpo deu sinal. Ao sentar-se na beira da cama sentiu-se fresco, como se os dias anteriores não tivessem existido.

Por precaução decidiu sair mais cedo a passear a Sacha. Não utiliza o elevador. Em vez de uma leva duas máscaras postas. Usa luvas. Abre a luz e a porta da rua com o chaveiro metálico que desinfetou com gel antes de fechar a porta do seu apartamento. Os outros não têm culpa.

Passava das 06H30 quando saiu a porta do prédio. Não viu vivalma na rua. Pensou em passar para o outro lado da linha férrea. Com sorte podia soltar a Sacha, para ela exercitar os músculos e o corpo. Assim fez. Só que no trilho chamado da Estação já havia gente a caminhar e a correr. Lá encontrou o espaço tempo para a soltar. Sente que ela não fará mal a nenhum dos, como ele, caminhantes madrugadores, mas lá diz o ditado que, o seguro morreu de velho ou vale mais precaver do que se arrepender. Solta-a quando sente em si a confiança de que os outros não o criticam com os seus olhares, quantos deles parametrizadas pelo pensamento dominante. É a Sacha, uma pastora alemã, recusando-se, ele, a usar açaime nela. Nenhum dos seus cães precisou de açaime. Defende a teoria de que os cães são de certo modo a imagem do dono. Ele, dono, considera-se um pacifista que ao participar como operacional, quando jovem, na guerra em Angola se tornou no pós-guerra ainda muito mais pacifista. Hoje, em pleno século XXI, qualquer guerra é o expoente máximo da crueldade humana. Na guerra só há uma moral, ou seja, há que matar o outro para que o outro não o mate. É essa a moral ética e única da crueldade da guerra qualquer que ela seja nos dias deste século. O ser Homo Sapiens é tão inteligente e ao mesmo tempo tão estúpido, tão burro, sem querer ofender os animais.

Deixando-se de pensamentos, regressaram a casa. Subiram as escadas até ao terceiro andar. A Sacha ao entrar logo se sentou aguardando que ele se despache e lhe limpe as suas patas. Um ritual de todas as manhãs. Ele, depois de limpar as patas da Sacha, sentou-se a descansar, mediu o oxigénio no sangue, olhou o batimento cardíaco e foi escrevendo as suas coisas.

Depois, do pequeno almoço com a respetiva medicação tomada, foi até à pequena varanda conversar com as suas plantas, flores, aromáticas e tomateiros cherry. Gosta de conversar com as suas plantas, de atender aos seus pedidos de ajuda face às pragas de cochonilha-branca e piolho preto. Tudo na Natureza gosta e precisa de carinho. Como alguém escreveu, ele leu e tomou nota, «para ter de comer, é preciso, antes, que se dê de comer. E dar de comer nem sempre é fácil».

Cumprido mais esse ritual, sentou-se, revendo o que tinha escrito e feito desde que acordou. Pelo meio enviou mensagens de "Bom dia" às filhas e a uma desconhecida amiga que desde que se cruzaram nestas redes sociais de feixes eletrónicos, assim fazem dia a dia, exceto quando a desconhecida amiga por alguma razão tem as suas birras ausentando-se.

O dia de hoje é dia de aniversário de um amigo. Amigo que há quarenta e cinco anos regressou na sua “Diane” do norte do país, indo depois os dois jantar à Cervejaria Trindade. Se melhor comeram, melhor beberam e já bem aviados remataram o jantar de aniversário a fumarem Gauloise sem filtro. Chegaram a sua casa e dormiram que ele logo de manhã tinha de ir para a Maternidade Alfredo da Costa onde estava a sua companheira internada aguardando o nascimento do seu primeiro ser.

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