sábado, 29 de outubro de 2022

22.06.11

Ri. Chora. Sorri. Grita. Não dança. Não canta. Vive em busca da Paz. Amores teve. Amor ainda tem. Sorri. Ri e chora mas não dança. A vida nunca foi um salão de festas, nunca foi convidado para a festa. Nunca pagou bilhete. Viveu sempre na beira da margem. Ali aprendeu a rir, a chorar, a sorrir, a jogar os jogos da vida e a gritar, ainda chegou a cantar mas nunca dançou. Caminhando, pedalando pela margem, estudou, aprendeu ciências com professores em livros. Aprendeu a amar. Amou. Olhou a vida e revoltou-se. Deixou o amor e foi à luta. Ganhou filhas. Perdeu o resto.

Sem revolta caminha na outra margem. Na vida não há perguntas, apenas respostas. Olha as águas do rio que correm para montante quando o mar entra nele, enchendo-o de esperanças renovadas mas sempre adiadas. Caminha serenamente para a foz, nas águas do rio que é a sua vida.

É no silêncio do seu canto, ouvindo os cânticos das aves, que levita e, flutuando deixa-se ir pelas veredas da sua paz inconformada. O definitivo é uma miragem que não existe em si. Sabe, que nunca é o mesmo, ao longo dos seus próprios instantes. Tudo está sempre em perfeita mutação, transformando continuamente o próprio ser. No seu canto, quase fora do mundo, deixa-se ir no flutuar da voz silenciosa das árvores, para que possa ouvir a sinfonia do cântico das aves a cada manhã. Ali, longe de quase tudo, sente-se ele mesmo. Aquela pequena casa, o seu canto, guarda silêncios de gente, de antepassados, de tempos que passaram, mesmo antes dela ser erguida, onde se sente a presença do passado simbolizado nas suas oliveiras de muitos anos. Tantos, que nem ele sabe o tempo que elas ali estão, guardando o futuro. 

 

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