sábado, 3 de junho de 2023

10.05.23

 

Acordei e senti a revolta a querer instalar-se. Lutei e mandei-a embora, pois nada adianto em revoltar-me contra o estado em que vivemos. Este país não é para velhos há muito, talvez mesmo há uns quarenta anos que vejo isso. Mas não é isso que me facilita a chegada da revolta, o pior mesmo é ver que o país está dia a dia a não ser também para os mais novos.

Os militares deram-nos a Liberdade e a Democracia, entregando depois o poder à sociedade civil através da “Nova Ordem Democrática”, onde pontificavam políticos-estrangeirados e antigos barões do regime anterior, todos, uns e outros, vestidos de bons fatos democratas, reclamando-se todos eles defensores da social-democracia em moldes à portuguesa um pouco diferentes.

Nova gente constituinte de uma nova «nobreza» de chancela democrática governando em alternância, metendo na gaveta dos fundos, em arquivo esquecido, os princípios programáticos dos seus programas ideológicos quando receberam o poder por parte dos militares, decidindo o destino do país. Com discursos de boas falas mais ao centro-esquerda ou mais ao centro-direita, ambos em alternância governativa, com paleio moderno e modernista incutindo a necessidade de termos que ser pragmáticos, foram entregando o nosso destino aos liberais bruxelianos sem alma, aos credores especuladores financeiros, sejam o BCE, o FMI ou os fundos sem fundo que especulam nos mercados, passando nós a vivermos internamente um vida ilusória, sustentada por uma dívida pública que não para de aumentar, sempre de mão estendida perante os liberais bruxelianos.

Está o país entregue a uma nova classe de nobres insolventes sem princípios éticos e morais.

E quando assim acordo, vou à estante procurar poemas de quando era jovem e cujos livros os conseguia arranjar em livrarias amigas que os tinham fora da vista da bufaria reinante, livros proibidos, como tal não aconselháveis às boas famílias amantes do salazarismo e tementes à religião.

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