quinta-feira, 8 de junho de 2023

27.05.23

 

Saiu quando novo aguaceiro se anunciava com um pingo de chuva aqui e outro ali. Como é normal e usual aguaceiros de chuva forte só depois do Ladoeiro. Pelo caminho deslizando pelo A23 nos intervalos dos aguaceiros que as trovoadas faziam cair, ia pensando na desgraça que governo atrás de governo têm sido as escolhas políticas de políticos para os ministérios da agricultura e do ambiente, só nos saem moedas furadas sem valor e peso ministerial, simples "chefes de secção" em uma qualquer grande multinacional. Falam bem diversas línguas e pouco mais. Gente sem ideias políticas que defendam o país nas suas reuniões por Bruxelas. Simples amigos e conhecidos dos líderes partidários para executarem as políticas que os burocratas liberais de Bruxelas nos ordenam, distribuindo uns milhões como adoçante de boca em programas e ajudas financeiras que beneficiam mais os agentes intermediários do que a produção agrícola ou a Natureza.

Desde que o engenheiro agrónomo Fernando Gomes da Silva foi ministro da agricultura no primeiro governo de António Guterres, nunca mais o ministério teve a dirigi-lo gente capaz e conhecedora dos problemas da lavoura nacional. Só moedas furadas nos têm saído na rifa. Gomes da Silva ainda Ministro, em 1996, juntou-se a uma manifestação de agricultores, em frente ao Ministério da Agricultura, em Lisboa, contra a aprovação de uma medida da Política Agrícola Comum da União Europeia, que, enquanto ministro, não havia conseguido impedir em reunião do Conselho da União Europeia. No Luxemburgo irritou de que maneira os poderes instalados em plena crise das vacas loucas (crise, ainda não conhecíamos a palavra pandemia) comeu num restaurante mioleira de vaca e aconselhava os portugueses a comerem alheira ao almoço. Bateu com a porta e foi tratar da sua vida de agricultor. A atual senhora que ocupa a cadeira ministerial da agricultura mais não é que uma “chefe de secção” da multinacional a União Europeia, que já leva tempo ministerial para saber que a seca nos campos não chegou agora num qualquer “TVDE”, ano após ano chove menos, mas ano após anos fecham os olhos às plantações novas de cultivo intensivo e super intensivo sejam de frutos vermelhos, abacate, amendoal ou olival que mesmo que com as novas tecnologias utilizem muito menos agua que os anteriores métodos de rega, serão utilizados milhões de gotinhas instantâneas que todas juntas terão impacto nos solos que daqui a uns anos serão conhecidos torcendo a orelha mas já não irá deitar sangue, pois já não existirá o tal de sangue apenas químicos e mais químicos pouco amigos da saúde ambiental e como tal publica. Perante as notícias alarmistas dos órgãos de comunicação de meterem medo à população com a seca, vai a senhora de mão estendida pedir ajuda aos burocratas bruxelianos que tanto gostam de verem os governantes do sul de mão estendida a pedirem ajuda, para depois anunciar ao país cheia de glamour que o governo francês se dispôs a venderem palha aos portugueses aos quais junta mais uns subsídios de apoio ao agricultor em dinheiro. Esqueceu-se a senhora de exigir aos seus amigos franceses e europeus que a palha francesa nos sejam vendida ao preço de mercado antes da sua enorme escassez e não ao preço asfixiante que o agricultor português seja grande, médio ou pequeno não tem o poder de compra dos seus parceiros congéneres franceses; quanto ao tal dinheiro a dar de ajuda aos agricultores os que neste momento vivem sem saberem onde irão encontrar palha para os seus animais, vão pegar nas notas do subsídio e vão da-las a comer aos seus animais… Somos um país pobre que tem quase novecentos anos de história, há que ter gente que em Bruxelas, Estrasburgo ou Frankfurt que dê um murro na mesa honrando o nosso passado histórico. Pobres mas não pedintes. Somo gente de um país de corpo inteiro, Porra!

Não sei para que existe um tal ministério designado como Ambiente. Quando se encheu o país de betão e alcatrão nunca o Ambiente foi respeitado quando seus técnicos ministeriais davam parecer negativo à proposta da promotor da ideia. Em 2017 nesse verão de triste memória em que o assassino fogo andou queimando parte do país, foi a A23 cortada diversas vezes pela ação do fogo que deixou as margens da autoestrada negras com pinheiros e eucaliptos queimados, o que era verde ficou negro de tristeza. Opinou o ministro ambientalista do alto da sua cadeira, opinou baixinho o ministro da agricultura com medo de ser ouvido, opinaram alto e com ruído várias organizações que se intitulam ambientalista pela recuperação da área ardida com as antigas árvores autóctones. Ano a ano, quase mês a mês lá circulo pela A23 olhando as margens em busca de novos pinhais, porque autóctones é coisa de quem não vive do rendimento daquelas terras de montes e vales. Novos pinhais não se observam nas margens da A23, mas o que se vê são novas plantações de eucaliptos. Nada tenho contra o eucalipto, nunca ví nenhum imolar-se pelo fogo por sua própria auto recriação, só ardem porque a mão humana assassina dos interesses ligados aos incêndios florestais lhe deitam fogo. Até pensava que o assunto da floresta era da agricultura mas em 2017 quem opinava dando a cara foi o ambiente.

Ano a ano a chuva que cai no território nacional vai diminuindo, contudo não se vislumbra um político que apresente um projeto novo para fazer face à previsível seca que irá continuar a castigar o país. Precisa o país de gente política com ideias próprias e não apenas de bons executantes, quais “chefes de secção” das políticas que os liberais de Bruxelas nos dizem para cumprimos.


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