quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

21.01.28

 

Eu que aos vinte e um anos quando estava de serviço no Forte de Santiago da Barra em Viana do Castelo e via os angariadores de seguros virem e depois se afastarem quando me viam ou sabiam que era eu que estava de serviço e que mais tarde soube que eles ao saberem que era eu que estava de serviço diziam: - vamos embora que este gajo é um filho de puta que não nos deixa entrar. Claro que não deixava e se soubesse que algum dos meus homens estivesse a ir na cantiga daqueles angariadores de seguros que vendiam seguros de vida a jovens que iam para a guerra, logo tentava demove-lo de subscrever tal seguro que iria vencer automaticamente se ele morresse e a morte era palavra proibida naquele tempo naquele grupo.

Eu que na década de oitenta do século passado com trinta e poucos anos trabalhando numa empresa farmacêutica na Venda Nova não deixei os jornalistas do Diário, nossos vizinhos, entrarem nas instalações da empresa quando um dia pouco tempo depois do pessoal fabril ter saído, rebentou no edifício da fábrica uma estufa que secava drageias, num estrondo enorme que pós toda a vizinhança em sobressalto ocorrendo às janelas e às instalações.

Eu não entendo, não compreendo como neste tempo de agora, com toda a sobrecarga e degaste que a pandemia tem causado a todos os trabalhadores hospitalares implicados directa ou indirectamente na prestação de serviços e auxilio aos doentes, os gestores sejam administradores ou directores permitam que equipas de reportagens entrem em hospitais e possam por lá andar a filmar e a emitir imagens de doentes a serem assistidos. Há uma falta de senso, uma falta de respeito e de humanismo nesta gente que me dá raiva que pensava não existir em mim. Já nem falo no palavreado que posteriormente outros emitem com base nessas filmagens e imagens. Ou será que estarei enganado e afinal está tudo a funcionar sem stresse? Que afinal tudo corre normalmente e eu é que no meu radicalismo vejo o que os outros na outra margem não veem.

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