sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

21.02.19

 

Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer, diziam-me muitas vezes os meus pais. Não me deito com as galinhas mas para alguns noctívagos pouco falta. Sempre gostei mais do nascer do dia do que viver a noite.

Nos arrabaldes da cidade grande depois de dar o passeio matinal com a minha amiga fica-se em casa, naquelas gaiolas de betão que custaram os olhos da cara. Em casa podemos andar da cozinha para a sala passando pelos quartos mas logo nos sentamos. Sentados lemos ou vemos televisão ou adormecemos acordados. Assim se passam os dias resguardados do contágio desse vírus malvado que veio mudar a vida social, as relações laborais e mostrar quão fraco é o tão apregoado desenvolvimento da sociedade contemporânea.

No campo, numa aldeia que não está perdida no mapa porque por aqui passam muitos camiões de transporte logístico de Portugal para Espanha e de Espanha para Portugal, mas só por isso porque de resto tirando os naturais do concelho, também ele raiano, poucos são os que conhecem este lugar. Um lugar jovem de idade pois que se terá formado pelos séculos XV, XVI ou XVII portanto sem aqueles monumentos dos tempos romanos , visigodos e mouros ou da posterior época em que os templários senhores destes extensos territórios os procuravam povoar, sem êxito, deixando em algumas das aldeias do concelho a marca da sua presença. Por aqui entrou e passou o exercito com cerca de 25.000 homens comandados pelo vaidoso general francês Junot a caminho de conquistar Lisboa naquela que foi a primeira invasão ou a primeira tentativa de Napoleão nos conquistar para nos retalhar com os seus amigos e aliados castelhanos (espanhóis). E daquele tempo apenas ficaram para a posteridade talvez os muitos olhos azuis das violações cometidas sobre as mulheres da população residente de então. O resto resume-se a pilhagens e destruição normais em guerras já que nestas não há limites para os vencedores, só posteriormente os que nelas não participaram activamente e não conheceram os horrores que sempre se cometem é que falam de direitos humanos como se existissem direitos numa guerra, etc. etc..

Longe da cidade grande, muito mais longe do que os quase 250 km que nos separam a vida segue quase normal sem dar grandes hipóteses à propagação dos contágios. A vida dura do trabalho agrícola continua cumprindo-se com relativa facilidade os cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias, porque todo o cuidado é pouco.

Depois, às vezes é melhor desconhecer o que vai pela cidade grande e arredores. Ouvir o silêncio dos campos serve de terapia às várias poluições sonoras e ruidosas que por lá existem, nos dividem e afectam os neurónios e a visão para não enunciar outros males como a inveja, a incompetência, a mentira e outros saudosismos de má memória.




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