sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

21.02.10

 

Tirando a vitória do Sporting ontem em Barcelos continua tudo igual num vira e toca o disco. Liga o rádio. Ouve a Antena2. Já não tem paciência para ouvir dissertações sobre a pandemia. Pouco lhe importa o que dizem os políticos e ainda menos o que opina o enxame de especialistas que botam suas opiniões quase todos donos da sua verdade. Verdades opinadas por tais especialistas criticas quase sempre das que são tomadas pelo Governo. Governo medroso que se curva perante um Presidente e uma União Europeia liberal, burocrática e sem rumo entre os blocos económico-militares existentes no Planeta. Também ele tem opinião. Mas sabe que não é especialista de nada. Já foi um especialista na sua arte de trabalho. Mas isso foi há muito tempo. Nos tempos de agora apenas lhe interessa ser um colecionador de dias. Tem a sua amiga para cuidar. Tem as suas dívidas a pagar escrupulosamente. Colecionando dias atrás de dias vai cumprindo com essas suas obrigações.

Olha a mesa posta para o pequeno almoço sabendo que ao olhar não irá encontrar lá os seus medicamentos. Tenta recordar quanto tempo já passou desde o tempo em que se sentava à mesa e o comprimido para a pressão arterial estava lá. Perdeu o conto desse tempo. O normal agora é ausência. Ele que nunca se esquece de colocar os outros medicamentos quando chega da rua a tempo de por a mesa para o pequeno almoço.

Vê as capas dos jornais diários e lê o Publico.

Pela janela olha a copas das árvores que quase não se mexem por ausência de vento. Assim vamos ter mais um dia de céu cinzento de nuvens. Na serra dizem-lhe as autoridades do clima que continua a nevar acima dos 1300 metros. Imagina-se a passear a sua amiga na Herdade para olhar ao longe o monte branco da Estrela, para poder apanhar espargos selvagens entre as azinheiras e silvas. E, assim vai vivendo sonhando com saudade do futuro porque o presente quase não existe. Só temos passado e esperança de futuro num presente fugaz, tudo o resto é ilusão que aceitamos como normal.

A pouco e pouco vai-se afastando das redes sociais. Os algoritmos que elas usam para condicionarem o seu modo de vida vão-lhe escondendo alguns dos seus amigos leitores. Ele que nunca foi adepto de publicidade, tem agora a sua página sempre com publicidade e com notícias de órgão de comunicação que sendo dominante não lhe interessa aquilo que os avençados desse órgão de comunicação lhe dizem. Ele vive na outra margem e esses avençados não só desconhecem como são inimigos dos que como ele caminham na outra margem.




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