terça-feira, 1 de junho de 2021

21.05.21

 


Arranjei duas televisões só com antena, sem cabo nem satélite. De tão habituado que estava a viver sem televisão que agora tenho-as mas quase sempre desligadas. Gosto mais de falar com as pessoas independentemente das suas opções, também converso com o vento, com as árvores, gosto de olhar e notar o crescimento das plantas dia a dia, da transformação das flores em fruta, ouvir a passarada a chilrear as suas sinfonias mal o dia desponta fazendo do meu quintal uma gaiola sem grades.

Às vezes falta-me o mar, o meu mar de ondas a enrolar na areia e a bater forte nas rochas, falta-me o cheiro da maresia quando pela manhã subo à duna ou caminho pela maré baixa até ao Molho Leste. Às vezes tenho saudades do Porto Batel onde um dia parte de mim será entregue ao mar.

O meu mar está do outro lado, na outra fronteira a oeste e eu estou a leste nas terras esquecidas da raia, onde os antigos diziam que «de Espanha nem bom vento nem bom casamento». Como tudo mudou felizmente e hoje somos todos bons vizinhos. Estou a leste mas não da vida que essa continua a correr entre as margens por do rio por onde caminho e navego há já sete décadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.