terça-feira, 1 de junho de 2021

21.05.26

 


Em terra o pescador de água doce (rio ou barragem) ou de água salgada (mar) usa normalmente cana ou rede, linha, anzóis, isco e engodo na sua tentativa de capturar o peixe.

Em política há outro tipo de pescador que não necessita de cana, linha e anzóis. Para eles, políticos, o isco e o engodo são uma só acção na procura de com eles (isco ou engodo) captarem os votos dos seus concidadãos mais crentes, aqueles que a vida lhes ensinou a não pensarem muito nas causas e consequências das palavras, actos e atitudes que os políticos dizem, tomam e fazem. Simplesmente acreditam no que lhes dizem.

Não sou desse mundo, gosto mais de ler e pensar do que ver televisão porque gosto de pensar nos porquês das coisas.

Sou um defensor consciente dos benefícios de saúde pública que o nosso SNS - Serviço Nacional de Saúde público trouxe a toda a população e em especial aos mais necessitados e idosos.

Sou como a grande maioria dos portugueses um beneficiário do regime geral do SNS.

Quando me foi detectado um carcinoma na próstata, recusei os vales-cirúrgicos que me enviaram por duas vezes oferecendo três alternativas privadas para realização da cirurgia. Aguardei a minha vez para a cirurgia ser realizada no hospital público do SNS. Filo por convicção, porque na minha vida sempre descontei para que o SNS possa ser o melhor para todos. Convicção consciente porque sou defensor da prestação de serviços públicos de saúde para todos.

Vem isto a propósito da notícia sobre a criação de um cartão de saúde "Cartão Raiano Saúde" por parte dos órgãos do Município de Idanha-a-Nova para os seus munícipes poderem beneficiar de assistência na saúde primária como e onde quiserem. Ou seja os órgãos que presidem aos destinos do Município contratam um seguro de saúde privado a uma empresa de seguros privada “ A Lusitania” para que os seus munícipes possam usufruir de assistência médica.

O Município irá pagar um prémio por esse seguro de saúde privada. Assim todos os munícipes e não só, irão suportar indirectamente o custo desse seguro privado de saúde, porque o Município ao pagar à seguradora está a utilizar verbas das receitas e estas mesmas receitas são os impostos e taxas que os munícipes e não só suportam e pagam.

Estamos a entrar no período da campanha eleitoral para os órgãos autárquicos e esta medida anunciada é de certo modo o isco e o engodo na busca do voto.

Uma medida que vai contrária não só à defesa como ao reforço do que deve ser uma política social na defesa do nosso Serviço Nacional de Saúde para todos os munícipes.

Perigosos são estes caminhos enunciados como um bem, porque em vez de se investir na assistência à saúde dos munícipes dentro dos princípios do SNS está-se a dar passos a privilegiar a saúde privada através de um cartão que só é gratuito na aparência. O Município vai ter de pagar as consultas e os tratamentos porque a “Lusitania” não trabalha à borla, nem há almoços grátis.

Quantas voltas no túmulo terá dado o grande deputado socialista António Arnault, pai do nosso grande e dentro dos condicionalismos do pais, excelente SNS.

Será que com as verbas que esse seguro de saúde privada “Cartão Raiano de Saúde” vai custar ao Município não se podia encontrar juntamente com a Direcção Regional de Saúde uma outra solução que melhorasse a assistência na saúde aos munícipes como alguns municípios já praticam? Mas estamos em tempo de campanha eleitoral.

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