quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Disse coisas


O senhor Ministro falou e ao falar disse coisas. Não esperava eu, que o senhor Ministro justificasse a ausência da chuva, mas quando dizemos que temos de produzir mais, vir garantir água aos urbanos e racionamento aos que apostaram no regadio para produzirem mais, faz-me confusão, talvez fosse melhor ter ficado calado. Quem deve ter gostado das suas palavras deve ter sido a equipa do Ministro mais poderoso. Aumento do preço da água origina um precioso aumento das receitas.
O senhor Ministro gosta de dizer coisas. Já o seu colega agrícola opta pela ausência, quando não têm oportunidade de anunciar mais uma linha de crédito bancário, para hipotecar ainda mais a vida do pequeno e médio agricultor, mantém-se calado.
Quando a chuva ano a ano vai diminuindo a sua precipitação, quando os campos que herdamos dos nossos antepassados são pobres, o senhor Ministro diz que a seca por agora é menor que por esta altura no ano passado, pudera com o que choveu no mês de Outubro e princípio de Novembro face ao anterior, é lógico que assim possa ser, recordando que as chuvas de Março até Maio-Junho encheram as barragens para o senhor poder garantir aos urbanos que não irá faltar a bendita água na torneira.
Saiba o senhor Ministro que numa zona de pouca precipitação na época das chuvas e de muito pouca humidade nos solos nos meses de verão, numa região de olival extensivo, que os ministérios do seu colega da agricultura eu seu aprovaram um projecto agrícola para a instalação de uns hectares de olival intensivo.
É certo que o senhor Ministro assim como o seu colega agrícola, não têm de saber destes pormenores. Para isso têm colaboradores, técnicos e auxiliares, chefes de secção, chefes de serviço, chefes de departamento, chefes regionais, directores de serviço, directores de departamento, directores regionais e outros nomes pomposos como os de consultores externos, para os servirem. Mas, essa estrutura normalmente pesada pode servir os senhores Ministros que vão passando pelos ministérios, enquanto eles continuam por lá a ganharem o seu, a reivindicarem aumentos, regularização de carreiras, e a pensarem mais na reforma do que no trabalho e no futuro ambiental e agrícola. Por isso não servem os interesses do país ao aprovarem investimentos deste género, que como os senhores Ministros devem ter conhecimento, este cultivo acarreta problemas ambientais futuros, não só com a água necessária à sua produção, como à utilização dos agro-tóxicos no combate às pragas, o que não acontece no olival extensivo.
Nada tenho de animosidade contra o autor da ideia e projecto que lhe aprovaram, até nem o conheço bem, embora já tenha estado com ele em uma ou outra ocasião. Ele procura melhorar a sua situação, pensando ser este o melhor para o futuro imediato dele.
Sou contra o olival intensivo por norma e, contra as estruturas do funcionalismo publico que fechados em gabinetes introduzem números num programa de computador e sai um resultado. Depois, queixamos-nos da carga fiscal que suportamos, mas não queixamos das estruturas pesadas, inoperacionais, desmotivadas que existem a pensar apenas na transferência mensal para a conta bancária.
Precisamos de outras políticas e é para isso que os senhores Ministros ocupam o lugar. Fazer políticas, motivar a maquina do funcionalismo, po-la a trabalhar em função das políticas, e mais não digo que a noite vai fria a exemplo das políticas e trabalhos que vão exercendo os vossos ministérios.

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