O
senhor Ministro falou e ao falar disse coisas. Não esperava eu, que
o senhor Ministro justificasse a ausência da chuva, mas quando
dizemos que temos de produzir mais, vir garantir água aos urbanos e
racionamento aos que apostaram no regadio para produzirem mais,
faz-me confusão, talvez fosse melhor ter ficado calado. Quem deve
ter gostado das suas palavras deve ter sido a equipa do Ministro mais
poderoso. Aumento do preço da água origina um precioso aumento das
receitas.
O
senhor Ministro gosta de dizer coisas. Já o seu colega agrícola
opta pela ausência, quando não têm oportunidade de anunciar mais
uma linha de crédito bancário, para hipotecar ainda mais a vida do
pequeno e médio agricultor, mantém-se calado.
Quando
a chuva ano a ano vai diminuindo a sua precipitação, quando os
campos que herdamos dos nossos antepassados são pobres, o senhor
Ministro diz que a seca por agora é menor que por esta altura no ano
passado, pudera com o que choveu no mês de Outubro e princípio de
Novembro face ao anterior, é lógico que assim possa ser, recordando
que as chuvas de Março até Maio-Junho encheram as barragens para o
senhor poder garantir aos urbanos que não irá faltar a bendita água
na torneira.
Saiba
o senhor Ministro que numa zona de pouca precipitação na época das
chuvas e de muito pouca humidade nos solos nos meses de verão, numa
região de olival extensivo, que os ministérios do seu colega da
agricultura eu seu aprovaram um projecto agrícola para a instalação
de uns hectares de olival intensivo.
É
certo que o senhor Ministro assim como o seu colega agrícola, não
têm de saber destes pormenores. Para isso têm colaboradores,
técnicos e auxiliares, chefes de secção, chefes de serviço,
chefes de departamento, chefes regionais, directores de serviço,
directores de departamento, directores regionais e outros nomes
pomposos como os de consultores externos, para os servirem. Mas, essa
estrutura normalmente pesada pode servir os senhores Ministros que
vão passando pelos ministérios, enquanto eles continuam por lá a
ganharem o seu, a reivindicarem aumentos, regularização de
carreiras, e a pensarem mais na reforma do que no trabalho e no
futuro ambiental e agrícola. Por isso não servem os interesses do
país ao aprovarem investimentos deste género, que como os senhores
Ministros devem ter conhecimento, este cultivo acarreta problemas
ambientais futuros, não só com a água necessária à sua produção,
como à utilização dos agro-tóxicos no combate às pragas, o que
não acontece no olival extensivo.
Nada
tenho de animosidade contra o autor da ideia e projecto que lhe
aprovaram, até nem o conheço bem, embora já tenha estado com ele
em uma ou outra ocasião. Ele procura melhorar a sua situação,
pensando ser este o melhor para o futuro imediato dele.
Sou
contra o olival intensivo por norma e, contra as estruturas do
funcionalismo publico que fechados em gabinetes introduzem números
num programa de computador e sai um resultado. Depois, queixamos-nos
da carga fiscal que suportamos, mas não queixamos das estruturas
pesadas, inoperacionais, desmotivadas que existem a pensar apenas na
transferência mensal para a conta bancária.
Precisamos
de outras políticas e é para isso que os senhores Ministros ocupam
o lugar. Fazer políticas, motivar a maquina do funcionalismo, po-la
a trabalhar em função das políticas, e mais não digo que a noite
vai fria a exemplo das políticas e trabalhos que vão exercendo os
vossos ministérios.
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