
Sou
um cidadão sonhador, utópico em alguns temas que mexem e
condicionam a nossa vida colectiva em sociedade.
Um
cidadão que aprendeu para lá da escola, a ler nos livros aos
quadradinhos, nos jornais e nas entrelinhas destes, mas também nas
imagens que olha e escuta, nas palavras ditas.
Um
cidadão que investe em si para fugir do fanatismo, que hoje grassa
na sociedade perante políticos submissos que se vergam aos
interesses dos grandes da finança, da economia e da descarada
lavagem de dinheiro nas barbas de todos nós.
Um
cidadão pacifista que não renega a guerra como meio para alcançar
a paz, embora saiba que a mesma não faz sentido. Que não tem
vergonha de se dizer de esquerda, independente de partidos políticos,
que entrou na política em 1969 e, em 1977 saiu dela para caminhar na
outra margem, mas sempre atento às políticas e aos políticos,
tendo amigos em quase todos os partidos. Como europeísta moderado
nunca votei em partidos eurocéticos para o Parlamento Europeu.
Um
cidadão que é pelo poder da autoridade do Estado democrático,
defensor de um sector público forte, actuante em benefício de
todos, onde as escolhas dos funcionários e trabalhadores sejam
independentes das “cunhas” partidárias.
Um
cidadão que defende a existência de uma única Lei do Trabalho
(onde as condições e segurança sejam iguais no sector público às
existentes no sector privado), que diz não à existência de
trabalhadores de primeira e de segunda.
Um
cidadão hoje infelizmente mais descrente da imparcialidade que
existe quer na Justiça, quer no Ministério Público.
Cidadão
que renega o clientelismo político, existente na promoção dos
“engraxadores” e “lambe botas” a cargos políticos e outros
bem remunerados por via dos amigos da política, abrindo dessa forma
com esses comportamentos, os portões ao populismo direitista e
saudosista do antes de Abril.
Não é o meu voto em branco que abre o caminho aos populistas
italianos, polacos, húngaros e outros que ainda vestem fatinhos de
democratas, que por cá também os há e, bem falantes por sinal.
Eu
vou exercer o meu dever cívico, mas como protesto pelas escolhas
políticas tomadas pela U. E. não só em relação à Venezuela, mas
também à Síria, ao Iraque, à falsa Primavera Árabe (Egipto,
Líbia…), ao genocídio que ocorre Iémen levado a cabo pela Arábia
Saudita, à aceitação e subjugação no seio da comunidade europeia
dos princípios retrógrados e de ofensa à dignidade da mulher pelo
islamismo, que sabemos não ser apenas e só mais uma religião,
antes um meio, um instrumento político atroz, onde o fanatismo se
cultiva e desenvolve de forma exponencial na própria U.E. como
represália aos constantes ataques que os países muçulmanos têm
sofrido às mãos do Ocidente com a complacência da União Europeia
e do seu Parlamento. Não gosto de uma U.E. cuja estratégia seja a
de acompanhar os constantes erros geopolíticos cometidos pelos
Estados Unidos.
E,
votando em branco espero que o meu voto seja respeitado. Não
deixarei de ser europeísta moderado, porque primeiro sou português,
desejando que a União Europeia seja de facto um instrumento político
e económico, um exemplo eficaz da paz entre os seus povos, assim
como, um travão com soluções alternativas ao declínio do poder
económico, da perda constante de níveis de vida dos seus cidadãos.
Um
cidadão que acredita não ser o seu voto em branco para o Parlamento
Europeu o facilitador do populismo nacionalista e retrógrado, mas
antes as políticas europeias que criam subsídios promotores das
desigualdades sociais no seu seio, essas sim facilitadoras do
movimento crescente de nacionalismos populistas tendencialmente
perigosos.
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