terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

À beira Tejo









Andando pelos trilhos à beira Tejo neste acordar da manhã, vejo os patos na ribeira, outras aves que desconheço o nome, a passarada chilreando de um e do outro lado do caminho deixando a minha amiga tonta sem saber para que lado se focar, só os patos a deixavam ficar olhando, descobrindo coisas novas.
Por cima de nós de forma cadenciada passam os aviões que levantam voo na Portela, mas já vão bem altos para os seus destinos distantes.
Toda a zona ribeirinho do rio é um paraíso para as muitas espécies de aves que vivem felizes neste habitat sejam elas residentes ou de arribação. Para elas não existe a disputa de mais lucros, desconhecem o que é moeda, não precisam dela para apanhar um inseto, uma minhoca que se descuidaram. Conhecem todavia os malefícios que a poluição fabricada pelos estranhos bichos de duas patas com duas asas penduradas que mexem sem conseguirem voar, lhes causam, mas adaptando-se lá vão sobrevivendo livres e contentes pelo canto com que nos presenteiam, sem impostos, taxas ou direitos de autor. Vivem para serem felizes na natureza.
Nesta comunhão de cores e sons, nesta margem do rio, olha-se para a outra margem lá mais a jusante onde os perversos animais de duas patas com duas asas que mexem mas não levantam voo, em vez de protegerem o paraíso maior que por lá o rio proporciona a milhares de espécies, de com esse mesmo paraíso que a natureza oferece graciosamente, promoverem o turismo de natureza, a educação e o saber dos jovens com visitas de estudo para observarem em locais estratégicos quão bonita é a mãe Natureza, não senhor, olhando apenas é só aos interesses obscuros da ganância do lucro, fazem planos pagos a peso de ouro, com o dinheiro dos contribuintes ou da dívida pública, para destruir esse mesmo paraíso de milhares de seres vivos. Com falas ora mansas ora convincentes querem-nos convencer que não há outra solução melhor do que substituírem os flamingos naturais por outros motorizados de muita potência e muito maior poluição ambiental.
Como pode o Ministro do Ambiente ficar calado ao erro anunciado e promovido pelo colega do Planeamento e Infraestruturas, que em três anos de actividade, para além de aparecer nas televisões a anunciar a abertura de concursos de obras públicas, anunciar o vamos fazer acusando o anterior Governo de nada ter feito, vem agora querer impor uma solução que técnicos altamente credenciados como seja o antigo presidente do Laboratório de Engenharia Civil e ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros põem em causa. Tão fraca, quase maliciosa a sua argumentação que chega ao ponto de dizer que a escolha por si apontada também era a escolha do tal Governo que antes acusava.
O tal aeroporto de Alcochete a minutos de voo, estava projectado para quatro fases, tinha todos os estudos feitos, só não agradava a alguns lobistas em São Bento e Belém e não havia dinheiro nem crédito. Agora que o crédito existe, propõem-se gastar-se mais uns milhões num apeadeiro aéreo sem futuro, contra os estudos ambientais, porque? Que interesses escondidos existem para se procurar remendar em vez de começar a construir o futuro?

Que o Ministro do Ambiente não gosta do Rio Tejo já o sabemos desde Almaraz, passando por Vila Velha de Ródão, mas que faz andar tão nervoso o Primeiro Ministro, um político sagaz e esperto que soube transformar uma derrota política numa vitória? Será que está a sentir o opositor, corredor de fundo, a aproximar-se? … não quero acreditar!

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