sábado, 25 de julho de 2020

20.07.24

Gostei de ouvir ontem à noite na RTP3 o prof. A Costa Silva a falar das suas ideias.

Hoje ao ler as páginas dos jornais já vejo um dos velhos do Restelo empresarial, um nobre fidalgo do nosso capitalismo-corporativista inimigo de tudo o que seja iniciativa pública para o bem do país, a berrar contra as ideias do prof. A Costa Silva.

Por mim gosto das ideias de investir na ferrovia ou em portos de águas profundas, de apostar no desenvolvimento e reindustrialização do interior da Cova da Beira, assim como de outros interiores existentes.

O eixo Sines, Beja, Alqueva não poderá ficar na gaveta dos gabinetes lisboetas como até agora. Sines e Alqueva são investimentos projectados aquando do III Plano de Fomento ainda no tempo do Estado Novo. Beja tem um aeroporto com pistas modernas, com potencialidades de expansão mais económicas do que qualquer outro local à volta de Lisboa. Depois a ferrovia de bitola europeia para a alta velocidade ou velocidade alta, facilmente ligaria o aeroporto às cidades de Lisboa e Faro. Lisboa ao Porto e o Porto a Vigo. Não esquecendo que a velocidade alta ou alta velocidade de Sines à fronteira do Caia para ligar à rede de alta velocidade de Espanha é fundamental para a rentabilização do Porto de Sines. A ferrovia como alavanca da reindustrialização da metalurgia com ligações aos nossos centro tecnológicos que ainda agora neste tempo pandémico mostraram a sua capacidade de inovarem e criarem, copiando ou importando o mínimo possível. Se temos empresas tecnológicas que vendem tecnologia para a NASA, teremos saberes para a reindustrialização na versão 4.0.

Nada disto parece ser novo. Já há poucos anos um primeiro ministro procurou dar o arranque para a modernização da ferrovia e do país, para os primeiros passos na digitalização no ensino mas lobis poderosos e as presumíveis ligações duvidosas em que o mesmo se envolveu, atrasaram o arranque da nossa economia para a era da Revolução Industrial 4.0 já que os governantes seguintes numa nova versão actualizado de "Conde de Andeiro" se vergaram aos interesses do capitalismo ultra liberal, pouco ou nada interessados no desenvolvimento das capacidades deste país periférico que é Portugal.

Com o Tejo e o Douro principalmente a encherem-se e despejarem de novo nos cofres públicos enxurradas de euros, as dúvidas e os medos da falta de visão estratégica para o futuro que a nossa classe política tem dado mostras desde 1975 acentuam-se.

Se à falta de visão estratégica dos políticos adicionarmos um funcionalismo público mais habituado a exigir euros e mordomias do que a trabalhar no respeito pelas normas e em prol dos cidadãos que são sempre e no final o garante do seu posto de trabalho, a sensação das dúvidas sobre o bom aproveitamento dos fundos que desaguam nos cofres públicos aumenta o medo da má aplicação das mesmas.

Por fim, se às anteriores dúvidas fizermos a interceção com os lobis que dominam os interesses económicos, da eterna falta de sentido nacional que os grandes empresários e ou os administradores dessas empresas nos têm brindado preferindo dar parte dos seus dividendos aos holandeses, luxemburgueses e outros paraísos fiscais, cresce ainda mais os receios, o medo de perdermos definitivamente a ligação ao pelotão da frente, podendo vir a sermos absorvidos pelo carro vassoura, terminando de forma inglória os quase novecentos anos de história de um povo sempre mais rebelde a falar do que a trabalhar.

Vamos aguardar que se passe do paleio aos actos de forma transparente sem espinhas, aproveitando de forma séria e transparentes as capacidades do nosso tecido empresarial das pequenas e médias empresas com possibilidades de desenvolvimento e inovação e do saber das nossas instituições publicas e privadas.


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