quarta-feira, 8 de julho de 2020

Aficionado


Não sou aficionado. Nunca fui ver ao vivo. Há outras pegas na vida muito mais interessantes, menos perigosas e muito mais saborosas.
Reconheço a tradição que o espectáculo das corridas e largadas de toiros tem em algumas populações. Quando jovem gostava de ver na televisão a preto e branco o toureio a pé, homem e toiro frente a frente numa luta de enganos.
Os granadeiros criadores de gado bravo nas suas terras têm à sua disposição todos os fundos e subsídios que as explorações agrícolas recebem do Estado por decisões europeias.
Continuar a conceder subsídios ao espectáculo em si, custa-me mas aceito porque temos de respeitar todos aqueles que gostam de assistir e vêm arte e cultura no mesmo, mesmo que eu ache que ali não há cultura nem arte.
Uns gostam de touradas, outros gostam de futebol, outros de ciclismo, outros de boxe, outros de corridas de automóveis, outros de teatro, outros de música clássica, outros de musica popular, outros de dança e ballet, outros gostam de tudo e outros não gostam de nada.
A vida tem leis sociais, culturais, sei lá. Na realidade não sei se são leis, tradições, costumes ou hábitos que trouxemos através dos tempos para agora podermos duvidar e até sermos contra essas tais coisas que vêm do passado e fazem a civilização do antes e do agora. Tudo no ser humano evolui. O que ontem era importante e belo ou normal, hoje pode já não ser assim para muitos, enquanto que para outros pode continuar a ser a tal arte e cultura e por fim há os que deixam ao livre arbítrio de cada um.
O Estado directa ou indirectamente a todos auxilia, mais a uns que a outros, goste-se ou não.
Discutir a atribuição de subsídios concedidos pondo em causa o espectáculo pela violência que para alguns o mesmo representa, parece-me puritanismo extremista, mas… eu não dou para esse peditório.
Devemos ter a educação cívica de respeitarmos o outro mesmo quando o outro tem gostos opostos aos nossos. Custa mas tem de ser.
Neste caminhar pela outra margem estou a cada dia mais longe de todos os pseudo sejam eles ambientalistas, defensores dos animais, anti racistas … etc. que vivem nas cidades sem conhecerem na pele o porque das coisas, a dureza e incerteza da vida seja nos campos, nos mares, seja nos bairros periféricos das cidades grandes anónimas e impessoais.
Como dizia o Padre Felicidade Alves «Deus na sua transcendência a todos quer bem».

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