domingo, 26 de julho de 2020

Europa dos cinco

Há dois ou três dias antes dos cérebros em Bruxelas aceitarem as imposições dos pequenos cinco países para que a enxurrada de euros pudesse acudir às economias consumistas em crise acentuada por acção de um bichinho tão pequenino que só cientistas o conseguem ver nas suas potentes máquinas, nesses dias das finais discussões escrevia nos meus apontamentos:

"Sr. Primeiro Ministro o senhor fala bem mas isso não chega. É preciso ter coragem para a nível interno tomar as medidas que nos possam defender desses nórdicos e não só.

Já que o senhor e o seu governo não tiveram coragem para deixar de fora dos apoios governamentais nesta crise pandémica as empresas que actuam em Portugal com as suas sedes na Holanda, no Luxemburgo e em outros paraísos fiscais, tenha pelo menos a coragem de a nível do Ministério das Finanças criar uma equipa de inspectores suficientemente ampla para poder inspecionar os actos de gestão dessas empresas e dos seus centros de refaturação.

Proceda à reforma do Código do Processo Tributário de forma a evitar que os grupos económicos possam andar anos e anos a fio sem pagar os milhões em falta porque vão sempre recorrendo para outras instâncias.

Com os fundos que iremos receber a fundo perdido e de empréstimo apoie essencialmente o tecido empresarial português das pequenas e médias empresas na agricultura, nas pescas e na indústria.

Aposte na reindustrialização nacional com base no que será maioritariamente português.

A ferrovia o porto de Sines e outro de águas profundas que não no estuário do Tejo, são fundamentais para essa reindustrialização.

Não de primazia ao betão, o país já tem cogumelos tóxicos a mais.

Aposte no valor acrescentado nacional, senhor Primeiro Ministro. Se os empresários portugueses beneficiarem das ajudas dadas aos investidores estrangeiros talvez possam investir mais criando mais riqueza nacional.

Apoie projectos sérios de reformulação do Turismo. O turismo de massas para já não interessa. Há outras ofertas a fazer que podem garantir as receitas necessárias.

Promova uma campanha massiva de compre e consuma português, mas para isso terá de ajudar a produção nacional.

Obrigue os vendedores a exibirem a origem dos produtos frescos como o peixe, as hortícolas e as frutas.

Actue quando nos vendem publicidade de que ajudam a produção nacional e depois nas bancadas só nos oferecem produto importado.

Há tanta coisa para fazer e tanta coisa que quase nem precisa de ajudas da União. Só se precisa de meter mãos à obra com os senhores governantes a darem o exemplo de mais trabalho e menos conversa."


Não imaginava eu que a enxurrada de dinheiro viesse tão armadilhada, com tantas minas que na prática nos roubam a pouca independência que ainda julgamos usufruir. Dão-nos o dinheiro, emprestam-nos dinheiro mas, eles os cinco ficaram com o poder nas entrelinhas de dizer onde podemos investir e onde não podemos; ficaram, sonegaram poderes a outras instituições da U.E. Como nos podem dizer que foi excepcional? Foi histórico sim mas mais uma vez a ausência de solidariedade entre todos está à vista até dos cegos.

Estou à beira dos setenta,triste e desanimado sentindo a Esperança a esvair-se para lá da linha do horizonte juntando-se aos sonhos e utopias que por lá ainda vivem e que um dia fizeram este país sorrindo ser gente de corpo inteiro. Durou pouco tempo essa primavera de sonhos, utopias e alegrias tantas. Mas valeu a pena. Éramos mais pobres, mais cinzentões do que somos hoje, tínhamos perdido a ilusão do virtual Império em África e na Oceânia mas, fomos um exemplo único para o mundo. O mundo olhou-nos com respeito e admiração.

E hoje quem ainda nos respeita?

Onde está o respeito granjeado com a liderança do Euro-Grupo?

Os países do sul deveriam criar um novo imposto sobre os cidadãos desses cinco países que vêm até nós gozar os dias quentes. Um imposto em função dos dias e de valor unico igual em todos os países do sul.

Gostava de ser mais europeísta mas, não me convencem nem me deixam. É mais do que tempo de não olhar só para a Europa de Bruxelas. Há outras Europas para cá dos Urais. Há outros caminhos de cooperação a desenvolver e a fortalecer.


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