quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

22.01.05 Antigos Combatentes

A pouco e pouco fui-me desligando dos grupos que no facebook se formam à volta dos antigos combatentes e outros que se designam de ex-combatentes. Desde sempre que considero que “antigos combatentes” é a designação correta, porque quem um dia foi combatente não mais pode dizer que não o foi.

Nunca concordei com a política que os diversos governos constitucionais tiveram para todos aqueles que um dia foram obrigados a combater na Índia, Angola, Guiné e Moçambique. Não que estivesse à espera de compensações monetárias, pois dinheiro nenhum paga o tempo de vida que me roubaram. A minha revolta sempre se prendeu com a falta de apoio por parte do Estado a todos os que pelas vicissitudes da guerra sofrem de stress pós-traumático de guerra e, depois de tantos anos da maldita guerra ter terminado ainda são aos milhares. A esta revolta foi-se juntando a outra, pela falta de apoio aos antigos combatentes sem abrigo que vagueiam pelas cidades e vilas, com tantas instalações militares do Estado desaproveitadas, semi-abandonadas. Gente humilde que merecia mais atenção.

Há uns anos um governo de coligação do centro-direira instituiu uma compensação monetária anual para todos os que tenham cumprido o serviço militar nesses territórios em guerra. Na minha companhia todos cumprimos o mesmo tempo de comissão nas mesmas zonas operacionais e alguns recebem os 150,0€ e outros menos do que esse valor. Dizíamos quando nos encontrávamos nos nossos almoços e falávamos destas diferenças que «eram contas à tropa». Agora, este Governo de esquerda-ao-centro lá vai cumprindo com o objetivo que enunciou aquando da sua formação, concedendo aos antigos combatentes ainda vivos algumas benesses em termos de taxas moderadoras e transportes públicos para agora nos dar este pequeno mas significativo pin de reconhecimento.

Quantos dos ainda antigos combatentes vivos das guerras da Índia, de Angola, da Guiné e de Moçambique não doariam a esmola dos 150 euros atualizados este ano, para um Fundo de Assistência aos Combatentes que viveram aquelas guerras e sofrem ainda hoje de stress pós-traumático de guerra, quer para os outros deficientes daquelas guerras? Fundo de Assistência cuja finalidade fosse a prestação da assistência médica devida aos antigos combatentes que ao longo do tempo têm sido simplesmente ignorados pelos Governos Constitucionais.

Quantos não doaríamos esse valor, que nos creditam na pensão de reforma ou de aposentação em Outubro, para um Fundo de Assistência aos Antigos Combatentes gerido de forma independente pela ADFA por exemplo, sem interferência alguma da Liga dos Combatentes, se o nosso Estado fosse uma pessoa de bem que tivesse a confiança dos antigos combatentes que decidissem contribuir para esse Fundo? Podendo o valor doado ser compensado na declaração anual de rendimentos.

E não havendo mais nada a declarar, aos costumes disse nada, ficando-me por aqui...


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