sábado, 29 de janeiro de 2022

22.01.18

 

São sete e ainda o escuro da madrugada permanece. Ligou a televisão num canal público. Ouviu excertos, frases acusatórias. Desligou que aquela não é a sua praia.

Trabalhou sempre no sector privado da economia, pelo que nunca sentiu a segurança do emprego (trabalho) fixo que existia no funcionalismo do Estado.

Participou na realização de muitos orçamentos anuais e quinquenais, assim como no reajustamento dos objetivos ao longo dos controles trimestrais.

Um ano na empresa farmacêutica onde trabalhava como diretor administrativo e financeiro face aos excelentes resultados do exercício reforçou por sua iniciativa uma das contas de "Provisões" existentes com um montante considerável para baixar o lucro líquido ao nível da previsão orçamentada. Os auditores não gostaram ameaçando colocar uma nota de ressalva no relatório de aprovação das contas. Apertaram-lhe os calos, mas a vida lá continuou, com a empresa a cumprir anualmente as suas previsões orçamentadas.

Dois meses depois da auditoria às contas, aparece-lhe o diretor de produção todo aflito. Uma máquina tinha dado o berro e a nova custava muito mais do que tinham previsto no plano de investimento, pelo que não tinha verba para a máquina e a produção corria o risco de trabalhar abaixo dos 50%. Disse-lhe para falar com o Diretor Geral porque havia uma solução. Foi chamado ao gabinete do DG para explicar que solução tinham para avançar com a compra da máquina, respondeu-lhe se ele se lembrava do aperto de calos que lhe tinham dado por causa de uma tal “provisão”, pois essa mesma conta tinha verba para a compra da máquina. No final foram almoçar os três.

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