sábado, 29 de janeiro de 2022

22.01.24

Já pouco se importa com o que se passa à sua volta. Ouve muito ruído, muitos dizeres, acusações e elogios, tudo numa salada sem tempero. Tudo lhe aparece desfocado. Poucos, raros mesmo, são os que se diferenciam. Fazem tanto ruído com os seus dizeres, acusações e elogios que até o deus da chuva se esquece dos campos e rios desta Ibéria, deixando-nos o céu azul sem as abençoadas nuvens de água.

Voltou aos arrabaldes da cidade grande. Voltou ao mundo dos impessoais onde todos, novos e menos novos vivem correndo, acotovelando-se na ânsia do «ter», sempre o «ter» a comandar as suas ações. Já não é desse universo de correrias sem sentido. Já foi. Já teve o seu tempo em que viveu correndo de tal modo que se esqueceu de viver. Hoje não é por aqui que sente a vida. O que é que as cidades grandes oferecem depois de uma vida de trabalho em correria louca pelo «ter»? Sim, o que é que elas dão ou oferecem em troca? Ruído e só ruído. E quando alguns se aventuram para lá do ruído caem na solidão dos jardins despovoados onde até as flores tem vida efémera. 

 

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