sábado, 29 de janeiro de 2022

Direitos

Quando era jovem aprendeu com professores de Direito Civil, Direito Comercial e Direito Fiscal no velho Cortiço à Rua das Chagas que nas matérias acima dadas e estudadas, havia sempre duas interpretações, "a letra da lei" e o "espírito da lei" ou seja do legislador, abrindo-se assim um vasto leque de hipóteses na sua leitura e interpretação.

Há muito que não percebe, não entende para que serve um tal dia de reflexão, nesta coisa importante das eleições. Sempre se questionou se haverá alguém minimamente capaz de decidir por si própria, que nesse dia, sempre ao sábado, mude o sentido do seu voto domingueiro?

Agora com este tempo de guerra contra um vírus acentua-se o voto antecipado a quem assim deseje, isto é a prova de que o tal dia de reflexão é uma inutilidade política.

Ouve na rádio que o número de infectados é grande no país, implicando que o número de confinados seja na altura de exercer o dever cívico de votar muito grande.

Pensa com a sua sombra "os barões sem brasões" enganaram-se nas previsões quer de eleições antecipadas, quer na ajuda ao amigo partidário.

Pensa nisso quando ouve, na rádio, o Primeiro Ministro argumentar que o horário das eleições está na Lei e que só a Assembleia da República pode alterar a dita lei e esta como se sabe está em off. O argumento ouvido na rádio teria como base a letra ou o espírito da lei, ou agora nestes novos tempos de muitos saberes haverá mais interpretações sobre as mesmas? A sua sombra encolheu os ombros como sinal de não saber responder à dúvida.

Fecha o rádio. Antes de se deitar fala ainda com a sua sombra, porque não se utiliza o tal dia inútil de reflexão e se decide excecionalmente porque estamos nesta "guerra pandémica" alargar o dever cívico de votarmos ao fim de semana, reservando a tarde de domingo para os cidadãos confinados em casa pelo vírus que continua à solta por aí? A sua sombra ri-se ao ouvi-lo referir-se à "guerra pandémica" dizendo-lhe que é um lírico utópico, eles os "barões sem brasões" só conhecem as guerras das intrigas palacianas e nessas são mestres, quanto às outras guerras deixam a desejar pois são "barões sem brasões", homens de comendas palacianas e outros negócios.

Fechou a luz e virou-se para o outro lado, na certeza que se tudo correr normalmente dia 30 lá estará logo de manhã a exercer o dever cívico de votar.

 

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