segunda-feira, 18 de abril de 2022

22.03.25

 

Ao ler "A Ditadura da Felicidade" pensou na Isabel, a mãe das suas filhas, no mesmo instante pensou em como nem com ela nem com a Gabriela, encontrou o calor humano que lhe falta para afastar de si o frio que vive no seu peito solitário. Olhou as copas das árvores pela janela e sentiu o medo a dúvida se com ela seria diferente ou se também ela não o iria acompanhar na visão deste mundo que nos rodeia e amordaça, que faz de nós simples espetadores da ópera bufa que dia a dia nos servem em serviços de leve, coma e deite no lixo, tendo atenção ao contentor. Um frio que se transforma no sentir da existência do nada.

Mesmo assim, são as lembranças do passado e as dúvidas do presente que lhe dão algum alento. Elas são como que biocombustível que lhe alimenta a esperança de dias mais serenos, num mundo mais solidário entre nações, entre os povos de diferentes origens.

Tem consciência de que caminha solitário na outra margem na travessia do deserto. Sabe que é há muito um tresmalhado do rebanho, não se incomodando. É já um septuagenário com consciência de que já caminha pela reta final. A sociedade e o seu rebanho nada se importam com ele, é apenas mais um velho rabugento, teimoso de ideias que faz parte das estatísticas, um custo social que têm de suportar e pouco nada mais que isso. Ele sabe, ele tem consciência que a sociedade enquanto mundo não está contra si, tão insignificante ele é, antes, é ele que está contra a sociedade que ajudou a construir enquanto jovem e trabalhador.

Vive tempos amargos. Tempos de solitário em revolta contra o pensamento único que a guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia veio despoletar. Pensamento único tal como terá existido no século XVI e seguintes no seu país. A quase diferença é que agora no século XXI os maus, os representantes de satanás são os russos e para já não são os judeus ou os roma ou outras gentes acusados de bruxaria. O que se seguirá depois não imagina, resistindo com o frio no peito, um sentir da existência do nada.

Vagueia na internete em busca de outras notícias, de outros casos, de outras guerras sem bombas, que também elas influenciam presumivelmente as nossas vidas.

Olhou com atenção as diversas fotos e vídeos que passaram nas televisões e observou na internete a figura do quase passar despercebido do Primeiro Ministro português naquela reunião dos líderes dos países da NATO, do G7 e da União Europeia. Para além das declarações que o seu ministro dos Negócios Estrangeiros emite subordinado a tudo o que dizem os americanos, pouco ou nada conhece de importante de que pensa o Governo português das sanções que o americano, velho instigador de guerras, veio declarar na tal reunião de líderes, onde de facto fizeram falta políticos com noções claras de qual o papel da União Europeia no contexto mundial.

Andando na outra margem vai anotando as guerras institucionais entre os dois políticos mais importantes do país. Às intrigas, às intromissões e constantes comentários e declarações para lá do razoável que o poder presidencial confere ao político Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Republica, desde que iniciou o seu segundo e último mandato – intromissão na escolha do candidato a secretário geral do seu partido político; o seu papel na não aprovação do Orçamento de Estado; a sua participação dissimulada na campanha eleitoral – respondeu agora o Primeiro Ministro, que contra todas as previsões dos órgãos de comunicação afetos ao Presidente, lhe mostrou com a nomeação dos futuros Ministros, não só o peso da maioria absoluta conseguida, como que, cá se fazem cá se pagam. E, a procissão ainda nem sequer se formou completamente. Promete a política interna deste pobre país.

Quanto à infeliz notícia da morte de um polícia, penso que o discurso do senhor Almirante Gouveia e Melo aos fuzileiros, tirou o tapete às toupeiras presidenciais na comunicação social.

Aguardemos ,que nem os sinos tocaram a rebate nem os foguetes se ouviram…

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