domingo, 12 de dezembro de 2021

21.12.10

Tenho que começar a anotar num caderninho todas as passwords para quando chegar ao fim desta reta onde a minha vida já entrou, os que cá ficarem e caso se interessem, possam não só entrar no computador como no telemóvel, podendo desse modo até por curiosidade conhecer o pai e o avô que nestes tempos corridos a velocidades anormais não conhecem de todo.

A vida vai a reboque do consumismo que a sociedade impõe aos filhos, aos casais, aos jovens e a uma parte crescente dos mais velhos. Um consumismo estéril onde os antigos valores familiares de respeito para com os mais idosos, da afetividade e do amor aos pais e avós estão fora de moda, desatualizados face aos objetivos que sub-repticiamente o sistema lhes impôs e impõe numa exigência sempre crescente de egocentrismo galopante. O "eu" sobrepõe-se a tudo, num individualismo doentio contagioso para o qual não há, nem sequer existem fundos públicos para se investigar e encontrar um remédio, uma vacina eficaz contra esta doença social que é o individualismo com o "eu" a assumir o papel fundamental da sociedade. Uma sociedade coletiva onde o importante, o fundamental é o "eu" individual, solitário.

Quando olho lá para trás, quando me recordo que por incapacidade minha nunca fui capaz de me despedir de quem mais amava… aqui deitado na minha cama de ferro adivinhando o frio que faz lá fora não compreendo o sentido da vida que corre nas diversas avenidas destes tempos modernos onde o consumismo estéril se transformou na maior das santas religiões do atual capitalismo dito civilizado.

Eu sei que caminho na outra margem na travessia do deserto mas mesmo sendo, não só um número tresmalhado, como também uma "ovelha ranhosa" lutando comigo mesmo para me manter lúcido, não deixo de ser mais um número do sistema asfixiante que nos controla os movimentos e tantas vezes o próprio pensamento.

Eu, cidadão criado no ameno litoral, vou para o frio da rua agasalhado olhando perplexo os aldeões habituados a este frio gélido do interior raiano todos atulhados de roupa por causa do frio. O que faz essa máquina infernal de ação psicológica que é a televisão atual. O Consumo tornou-se numa ditadura de tentáculos invisuais que nos aliena fazendo-nos crer que no consumismo estéril encontraremos o modo de sermos felizes até um dia terminarmos esta viagem ou nos despistarmos da vida por culpa do próprio "eu".

(foto da net)

 

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