segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

21.12.20

Já perdi o conto aos Natais. Perdi o Natal quando saí de casa de meus pais. O nosso Natal a quatro ou a três (quando o meu pai estava de serviço) era diferente numa paz e numa união que nunca mais conheci. Não tínhamos televisão, nem tão pouco íamos à missa do galo que não existia nas aldeias onde vivemos. 

Com o casamento novos hábitos chegaram. É certo que durante vários anos os meus pais ainda estavam presentes, ainda fomos passar alguns com eles à Zebreira, mas já não havia o presépio feito de erva e musgo que nas férias da escola no Natal ia buscar ao campo e onde colocava as figuras que com muito custo ia comprando ano a ano. 

O presépio montado por mim foi substituído pela árvore de Natal e por um presépio comprado. Na noite de Natal já não fazíamos as filhoses (coscorões) e como tal não cantávamos ao Menino Jesus, até ao jantar lá estava a televisão acesa para distração dos mais novos. O descobrir na manhã seguinte que prendas havia no sapato colocado religiosamente na chaminé, acabou. As prendas trocam-se e abrem-se na noite de Natal.

É certo que não sou hoje seguidor de nenhuma religião. Não sentindo disso necessidade vejo com alguma tristeza o Natal destes tempos modernos onde o consumismo e o individualismo se sobrepõem a tudo. Às vezes penso em não celebrar o Natal mas depois penso nas netas e no neto e acabo por entrar na engrenagem que nos tritura sem disso darmos conta.

Talvez por sentir a falta dos nossos Natais e a exemplo do que acontecia nos últimos anos em que eras viva mas incapaz depois do malvado avc, este ano mãe, pus mãos à obra e fiz as nossas filhoses, não ficaram tão boas como as tuas porque me cortei na aguardente mas na próxima ficarão melhores.


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