sexta-feira, 13 de abril de 2018


Neste final de noite, sinto-me ainda mais distante do mundo que me rodeia, quero lá saber se foi ou não penalti, já pouco me importam os resultados do futebol, quero lá saber o que fez ou o que disse, o ministro do ambiente, da defesa, da agricultura ou o do plano, quero lá saber o que disseram os lideres da oposição, dizem todos a mesma coisa num tom diferenciado, consoante se esta no governo ou na oposição, há muito que não consigo ver as cores do arco-íris na política governativa, todos ou quase todos cinzentões. A cada dia que passa me sinto mais longe de tudo o que me rodeia.
Eu e o meu passado bebendo lembranças no silencio da noite, os lugares por onde andámos desde que me lembro de jogar à bola feita de trapos enrolados em meia velha de vidro das senhoras, de fugir à polícia por jogarmos à bola no meio da rua, das reguadas que apanhei na escola primária por não escrever a preceito no caderno de duas linhas e afinal andava doente de uma coisa que nunca mais lembrei o nome, eram outros tempos aqueles, não de respeito cívico-educativo mas sim de respeito pelo medo opressivo vivido por cada uma das famílias , as paredes têm ouvidos , dizia-se à boca fechada, não fosse um bufo, um pide, ouvir o que se falava e dizia inocentemente. Eu e as asneiras que fiz na vida, os amores tidos, os correspondidos e os não correspondidos, todos eles e tudo nesta noite me fazem companhia, eles e eu neste silêncio da noite que até incomoda o zumbido a cada dia mais forte do ouvido direito, já pouco ouve mas teima em cantar esta melodia zumbida quando no silêncio da noite converso com o meu passado.

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