Neste
final de tarde, levantando os olhos observo uma a uma as pessoas que
estão sentadas como eu, nesta sala de espera do piso 3 no HVFX,
aguardando que no ecran apareça o nosso numero de consulta. Olho-os
e penso, que seria de nós se não existisse este “SNS Serviço
Nacional de Saúde”, que com todas as insuficiências e problemas,
é com a “Liberdade de Expressão” as duas maiores riquezas que
mau grado todas as desilusões no pós 25 de Abril, ainda temos vivas
e partilhamos.
São
para mim os dois maiores bens conquistados graças ao golpe dos
militares que dizendo basta aos antigos governantes do salazarismo,
souberam depois, dar de mão beijada o poder à sociedade civil.
Só
por isto, a frase tantas vezes gritada nas ruas, e actualmente tão
incomodativa parece ser a tanta gente, tem razão para continuar a
ser dita “25 de Abril Sempre”.
Outros
sonhos de Abril terão perdido a validade, não porque não fossem
justos, mas porque o mundo está em mudança acelerada, havendo que
pensar e encontrar outras formas de luta e de sonhar essas utopias no
tempo que se aproxima a alta velocidade.
A
exiguidade na oferta de trabalho vai alterando substancialmente o
modo de vida dos jovens, das futuras famílias, e assim o modo da
sociedade no futuro. Hoje a produtividade depende cada vez menos do
trabalho manual, linhas de produção onde antes eram necessários um
número considerável de operários, funcionam hoje com dois ou três.
Desenganem-se aqueles que pensam que não é preciso estudar, que o
pai não estudou e tem uma vida razoável.
No
futuro os conhecimentos nas velhas ciências da física, da
matemática assim como de outras ciências modernas que delas
derivaram, vão ter ainda mais peso no saber interagir com o mundo do
trabalho e não só. Muitas profissões nas áreas dos serviço a
exemplo do que acontece já na industria serão executadas por
simples robots, deixando muitos dos jovens ansiosos e depressivos.
Se
nos lembrarmos que a vida em sociedade é um enorme laboratório de
vasos comunicantes, concluímos que isto anda tudo ligado, sendo o
futuro uma incógnita de resultados desconhecidos e incertos, onde
quem não estudar e se actualizar ficará no cais dos subsídios a
ver o comboio das oportunidades a afastar-se cada vez mais longe.
Saber
fazer jus ao “25 de Abril Sempre” é um desafio futuro, que terá
de acompanhar as alterações da e na sociedade, porque os ideais que
estiveram na sua origem, são o alimento constante das utopias que
vamos criando na nossa própria consciência da realidade, e do nosso
imaginário vindouro.
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