Gosto
de ter vivido o que vivi, com dores e alegrias sentidas, por vezes
com medos à mistura, com amores e desamores, gosto de ter vivido o
que vivi.
Tenho
saudades do futuro, que com a sua incerteza me faz querer viver,
chegar mais à frente na esfera do tempo para
poder espreitar como é ou será a incerteza do mesmo.
Às
vezes fico a olhar pela minha janela, aqui no meu canto, olho e fico
pensando, se
Charles Darwin não se equivocou na sua teoria da evolução das
espécies, será que estaremos nós a viver os tempos de uma
pré-revolução na evolução da nossa
própria espécie?
Olho
a janela e o azul do céu, depois olho o ecran, bato teclas para
falar escrevendo, recuso-me a usar o aparelho do telemóvel para lá
de telefone e máquina fotográfica, não quero ficar mais isolado do
que esta forma de viver prisioneiro em que docemente nos
transformamos, seres humanos isolados agarrados a máquinas frias
para fugirmos
do medo que nos
isola e
ao mesmo tempo nos alimenta enganando a esperança.
Gosto
de viver o que vivi, mas a cada dia de vida, sinto dentro de mim esta
luta crescente entre o querer ir espreitar o futuro e o medo de o ver
metálico, frio, impessoal e sem emoções. Só a esperança de
querer ver as netas e o neto crescerem me dá algum alento, para
continuar a caminhar os trilhos armadilhados desta
vida de hoje.
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