domingo, 22 de abril de 2018

Gosto de ter vivido o que vivi


Gosto de ter vivido o que vivi, com dores e alegrias sentidas, por vezes com medos à mistura, com amores e desamores, gosto de ter vivido o que vivi.
Tenho saudades do futuro, que com a sua incerteza me faz querer viver, chegar mais à frente na esfera do tempo para poder espreitar como é ou será a incerteza do mesmo.
Às vezes fico a olhar pela minha janela, aqui no meu canto, olho e fico pensando, se Charles Darwin não se equivocou na sua teoria da evolução das espécies, será que estaremos nós a viver os tempos de uma pré-revolução na evolução da nossa própria espécie?
Olho a janela e o azul do céu, depois olho o ecran, bato teclas para falar escrevendo, recuso-me a usar o aparelho do telemóvel para lá de telefone e máquina fotográfica, não quero ficar mais isolado do que esta forma de viver prisioneiro em que docemente nos transformamos, seres humanos isolados agarrados a máquinas frias para fugirmos do medo que nos isola e ao mesmo tempo nos alimenta enganando a esperança.
Gosto de viver o que vivi, mas a cada dia de vida, sinto dentro de mim esta luta crescente entre o querer ir espreitar o futuro e o medo de o ver metálico, frio, impessoal e sem emoções. Só a esperança de querer ver as netas e o neto crescerem me dá algum alento, para continuar a caminhar os trilhos armadilhados desta vida de hoje.

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