Viver
é a palavra de ordem.
Que
interessa a fúria do mar se cada dia de vida representa um pequeno
passo no longo caminho que há que percorrer até que tudo esteja
resolvido, até que o veredito seja dado como curado.
Viver,
livre e preso, é uma outra forma de levarmos a vida. Tudo passa a
ser diferente depois de se ouvir o veredicto médico que a biopsia
indicou. As cores deixam de ser simples, tudo adquire novos tons,
novos sabores, o sentido da vida passa unicamente pela vontade, pelo
desejo, de viver mais um dia, mais outro e assim sucessivamente.
Que
importa agora a fúria do mar se os ventos já não alimentam
as velas dos sonhos, agora só há lugar para um único sonho, viver
e matar o filha da puta do mal que por causas que desconheço se
instalou e habita comigo talvez há mais de um ano, mas de forma
conhecida há sete meses.
Agora
mais do que nunca caminho só, acompanham-me a minha sombra, o meu
passado e o mal que dentro de mim se instalou sem avisar nem pagar
renda. A par deste viver caminhando, o silêncio. Nele
silenciosamente o sonho de viver sem outro horizonte que não seja
vencer para poder cumprir com todas as obrigações que assumi e
tenho que cumprir sem baixar os braços sem desistir, porque
desistir, já a vida me ensinou que é palavra proibida...
Lá
longe junto à fronteira o meu refúgio, o meu canto onde os meus
antepassados celebram comigo a alegria de podermos estar juntos,
mesmos que não os veja paira no ar a sua presença amiga e saudosa,
o seu abraço de boas vindas.
Cada
momento desta viagem é um
milagre traduzido na alegria do canto das aves, dos odores das
flores, no sabor dos frutos que saem da terra pobre mas amiga, da
magia que a fúria do mar incute em nós quando
o olhamos revolto nas asas do vento,
do sabor da esperança, do querer continuar a viver!
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