quinta-feira, 26 de abril de 2018

Viver é a palavra de ordem


Viver é a palavra de ordem.
Que interessa a fúria do mar se cada dia de vida representa um pequeno passo no longo caminho que há que percorrer até que tudo esteja resolvido, até que o veredito seja dado como curado.
Viver, livre e preso, é uma outra forma de levarmos a vida. Tudo passa a ser diferente depois de se ouvir o veredicto médico que a biopsia indicou. As cores deixam de ser simples, tudo adquire novos tons, novos sabores, o sentido da vida passa unicamente pela vontade, pelo desejo, de viver mais um dia, mais outro e assim sucessivamente.
Que importa agora a fúria do mar se os ventos já não alimentam as velas dos sonhos, agora só há lugar para um único sonho, viver e matar o filha da puta do mal que por causas que desconheço se instalou e habita comigo talvez há mais de um ano, mas de forma conhecida há sete meses.
Agora mais do que nunca caminho só, acompanham-me a minha sombra, o meu passado e o mal que dentro de mim se instalou sem avisar nem pagar renda. A par deste viver caminhando, o silêncio. Nele silenciosamente o sonho de viver sem outro horizonte que não seja vencer para poder cumprir com todas as obrigações que assumi e tenho que cumprir sem baixar os braços sem desistir, porque desistir, já a vida me ensinou que é palavra proibida...
Lá longe junto à fronteira o meu refúgio, o meu canto onde os meus antepassados celebram comigo a alegria de podermos estar juntos, mesmos que não os veja paira no ar a sua presença amiga e saudosa, o seu abraço de boas vindas.
Cada momento desta viagem é um milagre traduzido na alegria do canto das aves, dos odores das flores, no sabor dos frutos que saem da terra pobre mas amiga, da magia que a fúria do mar incute em nós quando o olhamos revolto nas asas do vento, do sabor da esperança, do querer continuar a viver!

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