segunda-feira, 23 de abril de 2018

Atento aos lobos em pele de cordeiro

Vejo gente ofendida com as declarações proferidas por um antigo primeiro ministro a um procurador e a um juiz em vídeos transmitidos por canais televisivos. Vídeos que deveriam estar no recato da justiça, mas que … alguém dentro do processo fez chegar às televisões para colocar cidadãos contra cidadãos, sempre no intuito de condenar publicamente em julgamento popular, não sei se a figura do antigo primeiro-ministro ou se a política do Estado Democrático.
Há muito que a figura do tal antigo primeiro ministro a mim não me diz nada, nem sim nem não antes um ignoro por não lhe reconhecer valor. Tinha ele dois ou três meses de mandato no primeiro governo que formou, tendo eu votado no seu partido, quando numa visita ao meu pai, seu votante e amigo, lhe disse, «pai, esse sujeito é mais cavaquista que o próprio cavaco», e não me enganei de todo. Por isso parafraseando o actual primeiro ministro, “à justiça o que é da justiça e à política o que é da política”, sendo que mais uma vez se vê, nota e sente, que a justiça não foi, não é e não será independente. Foi, é e será, o reflexo da luta que se travou, trava e travará nas classes dominantes da sociedade, daí o simples, certo e verdadeiro ditado popular «quem se lixa sempre é o mexilhão».
Outros indícios de crimes presumidamente cometidos por outros antigos políticos governantes, foram esquecidos numa gaveta e mandados arquivar, por procuradores e juízes da mesma organização do Estado, tudo em nome de uma Justiça que se queria transparente e inodora, mas que se apresenta opaca e mal cheirosa.
Daí ou daqui, a minha dúvida, se o que se pretende com todo este foguetório televisivo, é queimar na fogueira da opinião publica, apenas a figura da personagem em causa, ou pelo facto de o mesmo ter sido líder de um partido político de esquerda-ao-centro, se quer ir mais longe, fazendo crer nos incautos cidadãos que a presumida corrupção de que é acusado o antigo primeiro ministro, é ela em tudo e em todo, culpa do Estado Democrático, como se no tempo do salazarismo não tivesse existido corrupção.
Não dou pois para esse peditório, que até nesta época do ano me faz lembrar um pouco os acontecimentos que em Abril de 1506 ocorreram na cidade de Lisboa, com as devidas proporções no tempo, no método e no conteúdo. Não é por não dar para esse peditório, que vou deixar de ter opinião política, de gostar e me interessar pela política do nosso País e da União Europeia de que fazemos parte, o gosto dos ideais políticos vem de longe do tempo em que as paredes tinham ouvidos.
Quando os políticos por nós nomeados não prestam, ou se revelam o contrário do que acreditámos serem, só nos resta mudar de opinião, castigá-los nas próximas eleições e até lá estarmos atentos aos lobos em pele de cordeiro.

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