terça-feira, 27 de dezembro de 2022

22.07.09

Sentado num dos bancos à beira da arriba, recorda as tardes que seu pai e os amigos daquela praia, ali passavam comentando, qual telejornal a vida pacata de então.

Ele e outros jovens, viam com alguma estranheza, aquelas pessoas que passavam os dias e o tempo lá sentados ou em pé a conversarem ou simplesmente a olharem o mar e o areal. Raramente desciam até à areia ou iam ao banho naquelas águas do Atlântico.

Com a passagem do tempo e dos anos, novas gerações foram chegando, mantendo-se o hábito de haver sempre quem por lá se mantenha olhando o mar e o areal.

A pacata praia da sua juventude apenas existe na memória dos mais velhos, que como ele continuam a gostar de olhar aquele mar que ano a ano vem roubando areia ao extenso areal.

Chegou o tempo de também ele se sentir melhor olhando o mar do cimo da arriba. Deitar-se no areal a apanhar um pouco de Sol, já não é a sua praia. Caminhar pelo areal na baixa-mar, sozinho ou com a sua amiga Sacha, é o seu tempo de comunhão com o tempo de praia, com a Natureza que um dia o viu chegar quase ainda criança.

Com o seu aparelho de comunicação, que lhe serve de memória auxiliar vai registando em fotos e em palavras o que a sua visão transmite à unidade central de processamento do seu cérebro. Escreveu então:

«Aqui estou frente ao mar que um dia me ensinou a respeitá-lo, a ouvi-lo nas suas queixas contra as maldades que sobre ele são cometidas. Até hoje, esse sentimento de respeito me acompanha. Respeito não medo. O mar na sua grandeza quase infinita guarda segredos que não conhecemos, pelo que, o respeito mais do que o medo é a atitude sensata que todos devemos ter. Recordo a velha frase, o velho slogan de "Há Mar e Mar! Há Ir e Voltar", que deveria ser bem publicitado à entrada de todas as praias concessionadas, sem esquecer todos os órgãos de comunicação social escritos, radiofónicos e televisivos. Mas os políticos governantes gostam mais de gastar e esbanjar dinheiro público com agências de comunicação e marketing em campanhas sem a força ou eficiência do velho slogan. Tudo porque a outra velha frase, o outro velho slogan de "Temos que viver com aquilo que temos", está fora de moda pertencendo ao passado. Hoje preferem criar e manter modos de vida artificial à custa do endividamento externo do país, hipotecando o futuro dos vindouros».

Olhando a praia, despediu-se fechando o aparelho de comunicação e voltou para os arrabaldes da cidade grande, num final de tarde onde o calor húmido anormal lhe aviva a a saudade do calor mais calor mas seco do seu interior raiano. 

 

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