terça-feira, 27 de dezembro de 2022

22.07.13

Desde que chegou em 2012 quase todos os dias passava por ela. No Outono enchia-se de cor para se despir lentamente das suas folhas. Hibernava, aguardando os sinais da Primavera para desabrochar e voltar a sorrir frondosa na sua folhagem.

Não sabe se já estaria doente. Não tem conhecimentos para tal. Nem tão pouco a vida stressada, da cidade dormitório da cidade grande, lhe permitia ouvir as conversas entre ela e as suas vizinhas, assim como, entre elas e o vento. No final da tarde do dia anterior, notou mais folhas de todas as árvores no chão. Normal face à vaga de calor que chegou. Ontem o coração bateu dorido ao vê-la despida de folhas. Não aguentou ou desistiu de viver, apresentando-se triste e dorida.

Não é a única que neste ano, nos seus itinerários, vê morrer lentamente. As outras por incúria direta de obras públicas, sem que o pessoal quer da Junta de Freguesia, quer do Município tenham tido qualquer ação ou intervenção fiscalizadora que se notasse. Mas este plátano não resistiu ao calor destes dias. Ali vai ficar até que um dia alguém das autarquias se lembre dele quando já não existir outra solução que não seja o abate.

Os problemas e as doenças do Estado não estão apenas na centralização do poder em Lisboa. Não é localização a doença mais grave. As doenças do Estado têm origem na falta de capacidade e de competência dos governantes que por lá andam. Doenças contagiosas essas, que se estenderam rapidamente aos poderes autárquicos municipais.

Realizam estes últimos obras bonitas de fachada, quase sempre para enaltecer o ego do sr. Presidente Municipal. Depois de fixada a placa comemorativa e dos vivas e parabéns dados pelo seus apaniguados, tudo é esquecido, abandonado sem manutenção pelo sistema que os alimenta e controla nossas vidas.

Sistema, que dizendo-se de direita, do centro esquerda, do centro direita ou de esquerda, aplica e esbanja na gestão pública os princípios liberais e neoliberais que burocratas nos corredores em Bruxelas, impõem como ferramentas de gestão.

Os censos dizem que o país está perdendo população residente. Mas o Estado em sentido amplo, mesmo abstraindo as despesas com o SNS e a Educação, não deixa de engordar em despesa com pessoal, em prestações de serviços com pessoal, subcontratação de serviços e estudos que já foram estudados e reestudados anteriormente.

O parlamento que deveria controlar a atividade do governo limita-se na generalidade a votar propostas e leis quantas vezes elaboradas por gabinetes externos em subcontratação de serviços; os tais “pedido de parecer” elaborados em adjudicação direta a gabinetes externos onde há sempre amigos do “centrão” prontos a colaborar. Pareceres elaborados e feitos à medida da ocasião, que custam os olhos da cara ao país.

A cada dia que o tempo passa se sente mais convicto de ser absolutamente contra qualquer regionalização do país.

Anda no ar o cheiro a queimado… 

 

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