terça-feira, 8 de março de 2022

22.02.21

 

Ao olhar-se ao espelho da casa de banho já bem acordado, antes de se lavar, viu mais uma vez que as suas barbas brancas crescem mais depressa que os restantes cabelos que teimam em cair sem se preocuparem com o aspeto.

Ao caminhar pelas ruas da urbe, a aragem fresca da manhã reavivou-lhe a memória sobre a situação da Barragem do Alto Lindoso, que tão noticiada é pelos agentes comunicacionais televisivos. Veio-lhe à memória a contestação da sua geração à destruição da vida agrícola comunitária de Vilarinho da Furna. Contestação essa reprimida pela bufaria do lápis azul salazarista e como tal não noticiada pelos agentes do então regime.

Chegado da volta matinal, tomado que foi o pequeno almoço pegou no telemóvel e procurou certificar-se não fosse estar equivocado.

Quando cumpria o serviço militar em Chaves e clandestinamente iam a salto até à cidade de Ourense passavam pelo Ayuntamiento de Xinzo de Limia terras e serras da nascente do Rio Lima que abastece a albufeira do Alto Lindoso do lado português junto à fronteira com a Galiza . Rio Lima que junto à foz acabaria por o ver partir para a guerra em terras muito distantes.

Já a barragem que em 1971 afogou a vida comunitária de Vilarinho da Furna situa-se no Rio Homem afluente do Rio Cávado.

A situação de armazenamento de água das barragens do Alto Lindoso no Rio Lima, do Cabril e Castelo de Bode no Rio Zêzere são consequência das péssimas políticas levadas a cabo por vários governos com a privatização da EDP. Os acionistas privados que exploram a produção de energia elétrica, chineses e fundos abutres, só se preocupam com a obtenção de lucros. Para a maximização dos lucros produzir energia elétrica a partir das reservas de água em albufeiras, como combustível, é mais vantajoso do que produzir a mesma energia a partir do sol, do vento ou com recurso aos combustíveis fósseis.

As alterações climatéricas já nos dizem há alguns anos que a água nem sempre é um bem renovável de forma contínua, mas os interesses gananciosos à volta do negócio da água não só o comprovam, como estão à vista, anunciando-se alternativas de efeitos ambientais perversos a médio prazo e longo prazo.

Toda esta situação comprova que a existência de um Ministério do Ambiente não passa de uma modernidade do marketing político. Tirando os presumíveis negócios ambientais que o mesmo marketing político faz gerar na comunicação, os responsáveis que ao longo dos anos se vão conhecendo como ministros, secretários de estado etc. passam à história sem boas recordações tão ineficazes e negativos têm sido para o país que ainda somos.

A seca é uma realidade que neste seu ciclo leva alguns anos. Os agentes comunicacionais do marketing político criam e passam a ideia de que basta termos as albufeiras das barragens cheias para não nos preocuparmos com o problema da seca, os campos que se amanhem, dando azo a que se continuem a cometer os mesmos erros. Vejamos só quantos hectares de regadio foram autorizados, neste ciclo de seca, quantas novas plantações de eucaliptos foram autorizadas e ou plantadas clandestinamente debaixo das barbas das autoridades. Autoridades que não sabe se pertencem ao ministério da agricultura, se ao do tal ambiente, se dos dois ou de mais algum ministério tantos eles são.



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