Ontem depois do jogo do Sporting, passeei a Sacha, jantámos e vim para dentro, continuar a ler sobre o pêndulo. Não liguei o computador e no aparelho de comunicação ia tomando nota do jogo do Benfica. A minha filha mais velha mandou-me mensagem sobre a noite eleitoral, o meu irmão à minha pergunta de como ia a noite respondeu-me muito depois que ia mal. Deitei-me, dormi calmamente e quando me levantei sereno continuei ao olhar nas primeiras páginas dos jornais os resultados da noite eleitoral validando deste modo o golpe de estado efetuado por gente sinistra do próprio aparelho de Estado.
Sou um tresmalhado e com o tempo que por mim passa mais longe da maioria me sinto. Não sou comunista, muito menos me considero esquerdista, sou republicano mais à esquerda que ao centro. Vou continuar o meu caminho, vou continuar a não ver televisão, mas vou andar atento ao que se passa, isto porque se com o golpe militar em 25 de Abril se instituiu a Liberdade e a Esperança num Portugal novo, no golpe militar de 25 de Novembro instituiu-se aquilo que designo como Nova Ordem Democrática onde se impôs uma nova classe política obediente e submissa aos interesses geoestratégicos americanos, para decorridos apenas dez anos após essa institucionalização da Nova Ordem Democrática em eleições os cidadãos deste meu país darem a primeira maioria absoluta parlamentar a um converso democrata, salazarista assumido, que não tendo a esperteza nem a sagacidade do velho de Santa Comba desperdiçou a oportunidade, não deixando contudo de ser um aviso do que mais tarde ou mais cedo acontecerá, o regresso em força dos saudosistas da ditadura salazarista apoiados num não desprezível eleitorado que veio de África aquando da independência das colónias com os seus filhos e netos que depois de cinquenta anos ainda vivem ressabiados com o glorioso 25 de Abril.
Agora a burguesia que se considera de cultura superior e se auto designa de esquerda vai carpir mágoas procurando nos outros as culpas dos seus desaires porque os seus amados chefes estão isentos de erros e culpas; a culpa será de novo dos antigos comunistas que agora votam nos “salazaristas cheganos”, porque eles gente culta que ascendeu à nobreza republicana é que sabem, é que conhecem os problemas do país, os anseios e dificuldades de vida do povo. A burguesia constituinte da nova nobreza republicana de cultura acima da média que encontrará todas as explicações para o desaire dos seus partidos, é a mesma burguesia que se mostrou incapaz de celebrar condignamente os quinhentos anos do nascimento de Luís Vaz de Camões por submissão e medo que se saiba mais da vida do grande poeta que no seu tempo de vida tanto incomodou a nobreza monárquica reinante e o clero ditatorial da santa Inquisição assassina ou seja a classe dominante de então mergulhada em cenas de corrupção. Terá a nova classe dominante da nobreza republicana receio de que seja verdade o ato indigno dos jesuítas queimarem em fogueira a obra dos Lusíadas julgando tratar-se do original tão perfeita era a cópia?
Votei e não me arrependo do meu voto, hoje e amanhã farei o mesmo. Por isso, por ser um tresmalhado do rebanho nesta eleição que num país sério de estado de direito nunca ocorreria, não me acho derrotado pelas escolhas dos outros cidadãos, lamento as escolhas mas derrotado não me sinto; há muito que se adivinhava, os vampiros saudosistas ortodoxos da velha ordem do Estado Novo só esperavam o aparecer de uma figura com carisma populista que soubesse mentir, aldrabar e acusar sem provas não olhando aos meios, porque a comunicação social há muita que na sombra eles a controlam estando garantido o seu constante apoio, não podendo ao mesmo tempo perderem a ocasião de terem com as mãos livres no Palácio cor-de-rosa em Belém o converso democrata cínico populista que tinha sido educado com todo o esmero pela antiga ordem do padrinho para poder continuar a liderar o país segundo os princípios da trilogia “Deus, Pátria e Família”.
Andam os cultos burgueses muito preocupados com quem votou no Chega esquecendo e ignorando o apoio que deram à eleição para um segundo mandato do pior presidente que a Nova Ordem Democrática gerou, porque é o inquilino do palácio o chefe da orquestra que irá por o seu sonho em ação, o de se tornar no diretor de orquestra para restaurar a velha ordem onde com esmero foi educado.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.