sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Diz a história que Jesus nasceu em Belém lá na Judeia, numa noite fria, apenas acompanhado por seus pais e os animais que naquele estábulo estavam. Assim nasceu a noite de Natal.
Recordo as noites frias da minha juventude, por vezes os quatro outras vezes os três porque o pai estava de serviço, tu mãe, enquanto fritavas as filhoses a que alguns chamam de coscorões, cantavas as canções da tua Beira Baixa ao Menino Jesus. Tudo era e foi sempre simples.
Depois fui crescendo, andei em grupos religiosos católicos e fui-me afastando quer da religião, quer do Natal. Hoje, a juntar ao meu não gostar de viver esta época de consumismo hipócrita, entro aqui no face e na minha caixinha de recados tenho uma que me leva à história do “Zé Maria, o 47”. Leio-a na sua totalidade no blog do seu autor.
O dia cinzentão adensa a revolta que sinto por todos os Zé Maria, por todos os Magalhães, por todos os que um dia foram mandados para a guerra dos senhores da guerra de então. Hoje a dez dias do Natal, quantos desses jovens cheios de sonhos e ilusões vivem e vagueiam pelas ruas das cidades, ausentes da vida cheios de desilusões, tendo por companhia as memórias doridas da mata, dos camaradas de guerra, quantos aos sons dos foguetes voltam aquela emboscada que deixou marcas para sempre. Alguns têm num canito rafeiro e abandonado a sua única família.
Ausentes, abandonados, repudiados até por muitos, vagueiam e caminham pelas ruas iluminadas da cidade grande, homens antigos combatentes, “carne para canhão” enquanto jovens. Hoje, mal cheirosos, sujos e incomodativos para os novos senhores do poder em democracia.
Vão chegar os discursos natalícios e de passagem para o ano que dizem ser novo, porque muda um numero apenas. Homens do poder religioso e dos poderes laicos, irão botar discursos e votos preenchidos por palavras bonitas, na maioria vazias de humanismo, apenas bonitas como as luzinhas que acendem e apagam e pouco mais. Nem uns nem outros irão ter uma palavra de apreço, de reconhecimento para com todos os antigos combatentes que um dia foram um número e hoje, ausentes vagueando pelas ruas frias das cidade até esse número perderam.
Felizmente o meu vaguear ausente desta época é outro bem diferente. Por Solidariedade a Todos os Antigos Combatentes que vagueiam solitários abandonados pelas ruas da cidade, para mim não há Feliz Natal! Apenas e só silêncio e lembranças boas e felizes da vida, que as tenho.

Eu, o 04420571

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