Diz
a história que Jesus nasceu em Belém lá na Judeia, numa noite
fria, apenas acompanhado por seus pais e os animais que naquele
estábulo estavam. Assim nasceu a noite de Natal.
Recordo as
noites frias da minha juventude, por vezes os quatro outras vezes os
três porque o pai estava de serviço, tu mãe, enquanto fritavas as
filhoses a que alguns chamam de coscorões, cantavas as canções da
tua Beira Baixa ao Menino Jesus. Tudo era e foi sempre simples.
Depois
fui crescendo, andei em grupos religiosos católicos e fui-me
afastando quer da religião, quer do Natal. Hoje, a juntar ao meu não
gostar de viver esta época de consumismo hipócrita, entro aqui no
face e na minha caixinha de recados tenho uma que me leva à história
do “Zé Maria, o 47”. Leio-a na sua totalidade no blog do seu
autor.
O
dia cinzentão adensa a revolta que sinto por todos os Zé Maria, por
todos os Magalhães, por todos os que um dia foram mandados para a
guerra dos senhores da guerra de então. Hoje a dez dias do Natal,
quantos desses jovens cheios de sonhos e ilusões vivem e vagueiam
pelas ruas das cidades, ausentes da vida cheios de desilusões, tendo por
companhia as memórias doridas da mata, dos camaradas de guerra,
quantos aos sons dos foguetes voltam aquela emboscada que deixou
marcas para sempre. Alguns têm num canito rafeiro e abandonado a sua
única família.
Ausentes,
abandonados, repudiados até por muitos, vagueiam e caminham pelas
ruas iluminadas da cidade grande, homens antigos combatentes, “carne
para canhão” enquanto jovens. Hoje, mal cheirosos, sujos e
incomodativos para os novos senhores do poder em democracia.
Vão
chegar os discursos natalícios e de passagem para o ano que dizem
ser novo, porque muda um numero apenas. Homens do poder religioso e
dos poderes laicos, irão botar discursos e votos preenchidos por
palavras bonitas, na maioria vazias de humanismo, apenas bonitas como
as luzinhas que acendem e apagam e pouco mais. Nem uns nem outros
irão ter uma palavra de apreço, de reconhecimento para com todos os
antigos combatentes que um dia foram um número e hoje, ausentes
vagueando pelas ruas frias das cidade até esse número perderam.
Felizmente
o meu vaguear ausente desta época é outro bem diferente. Por
Solidariedade a Todos os Antigos Combatentes que vagueiam solitários
abandonados pelas ruas da cidade, para mim não há Feliz Natal!
Apenas e só silêncio e lembranças boas e felizes da vida, que as
tenho.
Eu,
o 04420571
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