Eu
gosto de gostar. Gosto dos dias, de os sentir a deixarem-me passar.
Pouco me importo se os dias são grandes ou pequenos, alias em
absoluto tendem para a igualdade, a luz diurna é que muda consoante o
Planeta se inclina mais para um lado ou mais para o outro.
Dezembro
é um mês de pouca luz diurna, achando nós que os dias são mais
pequenos. Durante séculos, por estas paragens, este mês foi vivido
sob o signo de um Natal religioso de acordo com os preceitos da
Igreja Católica Apostólica Romana. A pouco e pouco a celebração
do Natal passou também a ser mais uma reunião de família do que
propriamente uma festa só religiosa.
Com
o chamado desenvolvimento social das Nações e dos Povos, a religião
católica vai perdendo a força que tinham num passado recente.
Outras praticas religiosas chegam à sociedade portuguesa. A pouco e
pouco, Dezembro o mês do tal Natal, é substituído pelo, Dezembro o
mês do Pai Natal, símbolo maior do consumismo desta época que
ainda o mês de Dezembro não tinha chegado já eles andavam pelas
catedrais de consumo a criarem a ideia de que a felicidade nesta
época do ano esta nas compras daquilo que não necessitamos mas que
o vizinho ou os amigos compraram por ser moderno e obedecer à
tradição desconhecida mas presente. Autarquias sempre a queixarem-se de falta de dinheiro
promovem festas natalícias em nome da defesa de um comercio
tradicional que no passado recente não souberam defender,
autorizando a instalação de grandes supermercados e centros
comerciais dentro da malha urbana das suas populações.
Dezembro,
chegou frio e seco, de céu azul onde a noite é iluminada por uma
Lua cheia mais brilhante do que é normal pela sua aproximação à
Terra. Nela não vejo nenhum Pai Natal montado nas suas renas
trazendo boas novidades para muitos, começando pelos sem abrigos,
acabando nos animais cujo sentido de sobrevivência esta a ser
enganado por umas ervas que crescem na terra ressequida.
Dezembro,
o mês em que nasci. O mês em que fui para a guerra. O mês em que
fui pai pela segunda vez. Dezembro o mês da promulgação do
Orçamento do Estado. Mês de muitas explicações e contas para
justificarem as questões fiscais nele consignadas. Uns gostam e
outros nem tanto, havendo mesmo quem veja no Orçamento a promessa de
um novo apocalipse. Dezembro o mês em que no final, até o ano muda
de número.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.