domingo, 3 de dezembro de 2017



A “geringonça” governa? Não!
O que é então a tão falada “geringonça”? Não é nada de material, nem sequer é palpável. É antes um palavrão depreciativo para designar os acordos estabelecidos entre três partidos políticos que não ganhando as eleições souberam com a liderança de um deles, o PS, encontrar uma plataforma de entendimento parlamentar que permitisse o país ser Governado pelo PS em minoria face à maioria relativa dos PPD-PSD_CDS.
Assim que o acordo entre o PS e os outros dois partidos individualmente, PCP e BE foi assinado, começaram as profecias, desde a vinda de uma tal diabo (que afinal já que tinha estado) até à duração dos acordos políticos estabelecidos entre um PS aflito e os outros dois partidos, chamados de radicais e fora do arco da governação, já muita coisa se opinou, muita tinta se gastou, se escreveu, comentou, de forma agoirenta, quase sempre pelos cartilheiros oficiais e oficiosos dos partidos que ganhando as eleições perderam a oportunidade de Governar com apoio parlamentar sólido.
É a solidez dos acordos, face aos resultados económicos obtidos pelo Governo minoritário estável que tanto preocupa os órgão de comunicação. Porque? não sei, mas sei que este caminho que vamos vivendo é melhor que o caminho trilhado quer pelo PS, quer pela coligação PPD-PSD-CDS desde que entramos neste século XXI.
A governação à vista tem permitido coisas melhores, de uma forma geral, do que aquelas que nos vinham servindo desde o início deste século.
Não vivemos isolados do mundo. Somos uma economia fraca nos rácios habituais que designam a qualidade de vida dos cidadãos e das nações. Já andamos nisto há mais de oito séculos. Pobres e alegretes, pobres e aventureiros até demos novos mundo ao mundo a partir de um esotérico sentado na ponta do Cabo de Sagres a olhar o horizonte. Pouco ou nada sabemos da figura do Infante D. Henrique. Mas, com os seus pensamentos dobramos o Bojador, depois as Tormentas, entramos no Indico e andámos pelos mares do Japão e da própria Austrália, dividimos o mundo em dois com os castelhanos por forma a que o Brasil pudesse ser mais uma descoberta deste povo sempre à beira-mar, sempre a fugir do interior.
Pode o palavrão depreciativo “geringonça” se transformar na nova nau que aproveitando os ventos favoráveis nos fizeram sair do nevoeiro denso, frio e doente onde caímos por culpa própria, e onde fomos vendendo e cedendo algumas das joias da economia nacional, a troco de ilusões cheias de chavões traiçoeiros.
Os ventos são favoráveis, o nevoeiro denso persegue-nos. Se não tivermos mão firme ao leme, se não cuidarmos das velas, se quisermos tudo em pouco tempo a nau pode adornar com terra à vista, para alegria e festança dos inimigos da nossa independência, com o sonho de caminharmos para uma sociedade mais decente a ficar mais uma vez adiado.
Cá estamos e vamos continuar a estar, com ou sem “geringonça” para o que der e vier, que neste país vive-se mais com a esperança do que com realidade.
Desde o século XII sempre por cá existiram arautos da desgraça, bobos da corte e outras figuras menores com poderes de governança. 


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