A
“geringonça” governa? Não!
O
que é então a tão falada “geringonça”? Não é nada de
material, nem sequer é palpável. É antes um palavrão depreciativo
para designar os acordos estabelecidos entre três partidos políticos
que não ganhando as eleições souberam com a liderança de um
deles, o PS, encontrar uma plataforma de entendimento parlamentar que
permitisse o país ser Governado pelo PS em minoria face à maioria
relativa dos PPD-PSD_CDS.
Assim
que o acordo entre o PS e os outros dois partidos individualmente,
PCP e BE foi assinado, começaram as profecias, desde a vinda de uma
tal diabo (que afinal já que tinha estado) até à duração dos
acordos políticos estabelecidos entre um PS aflito e os outros dois
partidos, chamados de radicais e fora do arco da governação, já
muita coisa se opinou, muita tinta se gastou, se escreveu, comentou,
de forma agoirenta, quase sempre pelos cartilheiros oficiais e
oficiosos dos partidos que ganhando as eleições perderam a
oportunidade de Governar com apoio parlamentar sólido.
É
a solidez dos acordos, face aos resultados económicos obtidos pelo
Governo minoritário estável que tanto preocupa os órgão de
comunicação. Porque? não sei, mas sei que este caminho que vamos
vivendo é melhor que o caminho trilhado quer pelo PS, quer pela
coligação PPD-PSD-CDS desde que entramos neste século XXI.
A
governação à vista tem permitido coisas melhores, de uma forma
geral, do que aquelas que nos vinham servindo desde o início deste
século.
Não
vivemos isolados do mundo. Somos uma economia fraca nos rácios
habituais que designam a qualidade de vida dos cidadãos e das
nações. Já andamos nisto há mais de oito séculos. Pobres e
alegretes, pobres e aventureiros até demos novos mundo ao mundo a
partir de um esotérico sentado na ponta do Cabo de Sagres a olhar o
horizonte. Pouco ou nada sabemos da figura do Infante D. Henrique.
Mas, com os seus pensamentos dobramos o Bojador, depois as Tormentas,
entramos no Indico e andámos pelos mares do Japão e da própria
Austrália, dividimos o mundo em dois com os castelhanos por forma a
que o Brasil pudesse ser mais uma descoberta deste povo sempre à
beira-mar, sempre a fugir do interior.
Pode
o palavrão depreciativo “geringonça” se transformar na nova nau que aproveitando os ventos favoráveis nos fizeram sair do
nevoeiro denso, frio e doente onde caímos por culpa própria, e onde
fomos vendendo e cedendo algumas das joias da economia nacional, a
troco de ilusões cheias de chavões traiçoeiros.
Os
ventos são favoráveis, o nevoeiro denso persegue-nos. Se não
tivermos mão firme ao leme, se não cuidarmos das velas, se
quisermos tudo em pouco tempo a nau pode adornar com terra à
vista, para alegria e festança dos inimigos da nossa independência, com
o sonho de caminharmos para uma sociedade mais decente a ficar mais uma vez adiado.

Desde
o século XII sempre por cá existiram arautos da desgraça, bobos da
corte e outras figuras menores com poderes de governança.
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