Era-mos
três rafeiros, e agora acordei sem ti aos meus pés. Nestes anos que
levamos de companhia raras foram as noites e as manhãs que não
estavas aos meus pés. Só quando alguma dor te incomodava te
recolhias nos teus cantos. Hoje, nesta noite fria de Dezembro, os
meus pés não tiveram a tua companhia.
O
nosso amigo, o último a chegar a casa, foi o primeiro a desistir das
dores que a velhice lhe trouxe pelos maus tratos que sofreu enquanto
vagueou pelas ruas da cidade dos animais ditos humanos. Agora és tu
que me das sinais de também me queres deixar e me fazes viver entre
as duvidas, do que me dizem e relatam os médicos veterinários e os
nossos olhares. Será possível ainda inverteres a marcha com
qualidade de vida digna para podermos continuar a viver em companhia
mais uns anitos? Não sei, tenho duvidas e medos. Assim me deixei
dormir e assim acordei, duvidas e incertezas nesta noite fria de
Dezembro onde o amanhecer cinzento não me trás nem chuva nem sol,
apenas este frio agoirento que não me deixa sossegado.
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