domingo, 12 de setembro de 2021

21.07.15

 

E como não obtendo qualquer informação via telefone dos Centros de Saúde decidiu fazer-se ao caminho na sexta-feira, três dias antes da sua previsão de regresso, já que a mensagem recebida do número 2424 lhe dizia que sábado era o último dia para se apresentar. Para trás ficaram coisas em suspenso até à próxima ida. Saiu com 37° e chegou com 27°. Tudo normal em mais uma viagem pela A23 ouvindo a rádio e conversando com a sua sombra.

Há hora que viu na Internet ser o horário para a segunda dose dos já vacinados com a primeira dose da AstraZeneca compareceu a tempo pois não gosta de chegar atrasado. Com tantas filas presentes procurou um segurança para saber em que fila teria de ficar. Indicou-lhe o segurança a fila das 16H00 e por lá ficou. A tarde estava quente variando a temperatura entre o termómetro do caro e a indicação do telemóvel entre os 37º e os 35º graus. A confusão junto a uma das entradas do pavilhão era de tal modo que teve de chegar um carro da polícia para os ânimos se acalmarem. O tempo ia passando e a fila não se mexia porque a fila das 15 era bastante grande e ele aguardava calmamente lendo página a página “O Elogio da Dureza” de Rui de Azevedo Teixeira. Embrenhando-se nas aventuras do antigo alferes comando Lobo lia página a página alheando-se das muitas vozes que botavam opiniões até que a fila começou a andar. Fechou o livro porque um segurança que fazia o controle o chamou e lhe pediu o cartão da primeira inoculação e ao ver a data o informou que aquela não era a sua fila. Mostrou ao segurança a mensagem recebida no telemóvel mas o segurança informou-o que as senhas para o seu caso já tinham sido distribuídas, que o seu colega se tinha enganado e ele teria que voltar na data hora indicada no cartão da primeira inoculação. Saiu da fila e dirigindo-se ao carro olhou as horas. O relógio marcava 18H10. A temperatura um pouco mais fresca com a brisa que começou a soprar vinda do rio. Muita coisa haveria para dizer mas o segurança era o menos culpado de toda aquela confusão. Não sentiu revolta já estava habituado a que o Estado o tratasse assim. Tudo o que alcançou na vida foi fruto do seu trabalho e do muito sacrifício que os seus pais fizeram para que os filhos pudessem estudar. A não revolta deu lugar a um sentimento de desprezo pelos políticos que nos tem dirigido. Sim dirigido é o termo certo já que governar é outra coisa bem diferente de dirigir.

Os idosos, como ele, que foram inoculados com a primeira dose a 22 de Abril podiam tomar a segunda dose antes do tempo previsto sendo que as inoculações para eles estavam racionadas a um certo número de senhas diárias. Sentiu saudades da sua amiga G3 mas logo afastou esse pensamento. Irá apresentar-se no dia programado à hora certa sentindo desprezo quando ouve na televisão que os vacinados com a primeira inoculação da AstraZeneca o podem fazer sem agendamento. “Vão gozar com o…” é a sua reação muda a tal notícia. A vida prega-nos partidas que nunca imaginamos

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