terça-feira, 14 de setembro de 2021

21.07.25 Morreu Otelo Saraiva de Carvalho


Morreu Otelo. Morreu o homem. Ficam os actos por ele corporizados num tempo em que o individualismo se sobrepõe ao colectivo.

Falar só de Otelo como o homem do 25 de Abril é injusto para todos os outros. Acompanhei durante algum tempo Otelo e o que ele representava naquele tempo.

Dou comigo a pensar porque será que alguns dos valorosos militares do Movimento de Capitães são tão lembrados e relembrados enquanto que pouco ou nada se fala do pensador Melo Antunes.

Morreu Otelo, operacional activo do grandioso 25 de Abril de 1974.

Políticos de hoje no poder democrático nomearam para as celebrações do cinquentenário do glorioso 25 de Abril de 1974 um homem do 25 de Novembro.

Neste domingo morreu o homem, não morreu Abril e todo o sonho de Liberdade e Igualdade que ele e os seus camaradas militares deram ao Portugal amordaçado, triste e miserável de vida para a grande maioria dos portugueses que então se vivia.

Como é natural nestas coisas, nem todos os portugueses gostaram do dia redentor e glorioso de 25 de Abril. Muitos dos amantes e apoiantes da ditadura de Salazar-Caetano abrigaram-se debaixo das saias dos partidos políticos existentes e recém formados graças à acção militar colectiva do homem e seus camaradas militares.

Viveram muitos dos saudosistas do antigo regime hibernando em partidos políticos do regime democrático saído do 25 de Novembro de 1975, até que, um dos seus filhos e enteados, bem falante aldrabão de primeira água sem vergonha, foi promovido a figura nacional pela comunicação social televisiva. Com a promoção que a comunicação social televisiva promoveu e promove de tal figura, acordaram perdendo a vergonha os hibernantes saudosistas dos velhos tiranos que a 24 de Abril em tribunais plenários prendiam e julgavam todos os que sonhavam que havia um outro modo de vida para lá da miséria que o slogan de "Deus Pátria e Família" instituído na Constituição de 1936 como alicerce do Estado Novo impunha à vida dos portugueses.

Não nos admiremos pois do que ouvimos falar a muitos dos comentadores e paineleiros que opinam na comunicação social televisiva, sobre o homem que neste domingo nos deixou.

Muitos dessa gente submissa ao pior que o capitalismo actual tem, incluindo o próprio Presidente, nunca gostaram de verdade do 25 de Abril de 1974, apenas se adaptaram à Democracia não esquecendo o passado da gloriosa ditadura dos seus antigos líderes.

Ao não decretar luto nacional, o Governo mostra a sua natureza de classe submissa, apoiantes que são de Novembro em oposição a Abril. 


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