terça-feira, 14 de setembro de 2021

21.07.29

 

Acordei cedo como sempre acontece. Hábito que vem de longe. Hoje pensei ficar um pouco mais de tempo deitado, mas logo o corpo deu sinal de que o melhor era levantar-me, preparar-me e sair para a rua a fim de receber as energias que o Rei Sol nos manda lá do alto há milhões de anos.

Uma manhã a prometer um dia de Sol com a brisa de norte fresquinha.

Por volta das sete e meia já havia quem se dirigisse para as rochas cheio de fé na crença que a cura das suas dores reumáticas está naquelas rochas.

As obras no Forte continuam, pelo menos é a ideia transmitida pelo contentor e vedações. A ideia de manutenção da muralha virada para a norte é boa. Tudo o que seja para conservar a história deste pequeno lugar é positivo. É bom lembrar que foi aqui que D. António Prior do Crato desembarcou com os seus homens na esperança de poder recuperar a independência do Reino entregue de mão beijada e corpo curvado aos Filipes de Castela por uma Nobreza e um Clero pouco patrióticos. Voltando às obras no Forte desde o anúncio oficial do acordo celebrado entre o Município de Peniche e as várias Secretarias de Estado para a realização das mesmas que demonstrei ao então Presidente do Município, meu conhecido e amigo, as minhas dúvidas pela viabilidade sustentável das mesmas. Oxalá que mais uma vez esteja enganado.

Triste é a situação que se arrasta com parte da muralha que dá para as rochas. Depois das obras de sustentabilidade realizadas na arriba à volta do Forte e das casas antigas construídas sobre o limite da arriba, uma parte da muralha no largo junto à primeira casa deu de si com a própria muralha a inclinar-se ameaçando poder ruir. Que fizeram as autoridades locais (freguesia e município) e nacionais responsáveis pela costa marítima? Simplesmente colocaram umas barreiras metálicas ligadas pela usual fita plástica limitativa, lavando as mãos como Pilatos segundo reza a Bíblia. Os anos passam e até a fita plástica cansada desistiu de resistir à nortada carregada de maresia.

Vivi por cá a minha juventude voltando depois a viver o tempo de férias que a Lei do Trabalho me dava, porque se vivesse sempre aqui iria tentar criar um movimento cívico apelando ao voto em branco nas próximas eleições autárquicas quer nas listas para a Junta de Freguesia quer nas listas para o Município de Peniche. Votando mas demonstrando a insatisfação.

Levamos 47 anos de Democracia mas as forças políticas que governaram o Município assim como o Movimento de cidadãos actual, demonstraram ao longo dos anos não olharem com olhos de ver e sentir que estas povoações e estas praias (Consolação e S. Bernardino) merecem pela sua beleza natural uma outra política diferente daquela que já o antigo Estado Novo seguia e que tristemente os eleitos democraticamente ao longo destes quarenta e sete anos seguem de forma idêntica, ignorando simplesmente a Natureza destes locais e as suas gentes aqui residentes (não apenas veraneantes).

Aqui nesta praia, Consolação, viveu algum tempo da sua vida o grande poeta Rui Belo. Não existe uma simples placa indicativa. Talvez os vereadores culturais do Município não saibam quem foi Rui Belo, talvez. Talvez saibam que o escritor Raul Brandão passou por estas terras considerando na sua obra "Os Pescadores" ser o Baleal a praia mais bela de todas as praias. Talvez saibam isso porque existe essa placa na Ilha do Baleal.

Deu a Natureza nozes a quem demonstra não ter dentes que mereçam tal fruto. 


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