De um lado o mar e o céu azul. Um mar que na sua força indomável não o deixa ouvir o que está para lá das montanhas.
Do outro lado, para lá das montanhas, num céu azul uma terra que se divide entre o verde das copas das árvores que resistem à canícula do estio e o aloirado do que resta das searas e dos campos abandonados.
Do outro lado, para cá das montanhas, domina o silêncio em parceria com a vida calma e sofrida das gentes resistentes que teimam em não abandonar a terra pobre que viu nascer seus antepassados.
Do outro lado, para cá das montanhas, quando o dia recomeça vê o sol aparecer dos lados de Espanha e olhando para oeste no céu azul a lua na sua fase minguante convexa diz-lhe que sob a sua energia o mar atingirá a maré baixa daqui a cerca de três horas, pouco mais ou menos.
Do outro lado, para cá das montanhas, olhando a lua enquanto a sua amiga corre livre pela quelha do Calacu quase que ele ouve a força indomável do mar ora batendo nas rochas ora enrolando-se na areia.
Estas são as diferenças por si sentidas nos dois lados das montanhas num país que o viu crescer à beira mar e agora na sua recta final o vê sentir-se envelhecer no interior há muito esquecido onde a união entre cristão-velho e cristã-nova deu origem ao ramo da velha árvore genealógica de onde um dia brotou.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.