terça-feira, 23 de novembro de 2021

21.09.04

 

Apenas três horas no meu conduzir calmo e sereno me separam dos lugares onde gosto de estar e onde é possível encontrar a serena paz.

Por acaso hoje é sábado mas poderia ser um outro dia qualquer que com a chegada de Setembro as praias ficam menos poluídas de gentes e dos barulhos ruidosos de alguns bárbaros e vândalos que se julgam donos do areal, das ruas e da noite.

Ainda era noite quando abri a porta da rua para certificar-me do tempo. Tudo calmo, o céu já azul, o vento ausente correndo em outras paragens. Aguardei um pouco que clareasse, consultei o horário das marés no telemóvel saindo em direcção ao areal. Um ou outro madrugador passeando também os seus amigos de estimação. O areal plano da maré baixa convidando a andar à beira mar com a minha amiga correndo livre libertando energia acumulada nestes dias em que nas ruas e caminhos da urbe nos arrabaldes da cidade grande não o pode fazer. Alguns pescadores faziam o seu desporto de paciência aguardando que a ponta da cana de pesca desse sinal de que o peixe tinha comido o isco e ficado no anzol. Gabo-lhes a paciência. Prefiro ir caminhando ouvindo a sinfonia serena das ondas a rebentarem com suavidade na areia, olhando as tonalidades dos diversos azuis e verdes deste mar que as ondas transformam num branco de alvura quase cristalina. A água está anormal de temperatura já que os 19/20 graus não são águas deste mar nesta costa mais habituada aos 16/17 graus. Mais um sinal de que algo está diferente no clima e tudo mais por obra e graça das acções gananciosas do Homo Sapiens do que da própria evolução natural da Natureza. E são já tantos os sinais, os avisos que a Natureza nos dá sobre a sua própria saúde… mas uma classe política governante vergada e submissa aos interesses gananciosos dos mais poderosos teima em simular fugas para a frente como se uma caixa de comprimidos de paracetamol fosse suficiente para a actual pneumonia degenerativa que a Natureza está sofrendo.

Ao percorrer o areal entre a Consolação e o Molho Leste vou encontrando manchas de um verde escuro no areal. Manchas que não existiam ainda não há muitos anos mas que indiciam alguma poluição preocupante. Serão resquícios do mau funcionamento que por vezes os meus amigos de Peniche relatam sobre a ETAR? Não sei, mas desconfio. Entretanto vendem-nos "bandeiras azuis" e "praias de ouro" como se tudo fosse limpinho na atribuição destas paragonas bruxelianas. No meu tempo de jovem não havia rochas cobertas de algas verdes como hoje vejo no Porto Batel e na Consolação. É certo que também não havia estas coisas de "bandeiras azuis", apenas as tradicionais verde, amarela e vermelha a que se juntava uma outra axadrezada a preto e branco como indicativo de praia não vigiada pois o banheiro estava no seu horário de almoço e descanso. Coisas de um outro tempo em que poucas eram as famílias que tinham possibilidades de poder vir passar uns dias à praia. Nesse outro tempo um domingo de bom tempo como hoje dificilmente ultrapassava as mil pessoas na praia já que esta era um luxo para a grande maioria das famílias. Infelizmente há de novo no horizonte político gente saudosa com vontade de impor de novo os princípios da ordem de então.


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