quarta-feira, 24 de novembro de 2021

21.10.03

 

https://www.jornaldofundao.pt/economia/contramineracao-beira-serra-em-choque-com-consulta-publica-do-programa-de-litio/


Há oito dias fomos votar para os órgãos autárquicos. Os cidadãos que se importam com a vida democrática do país compareceram ordeiramente e escolheram os seus líderes autárquicos.

Vivemos o período normal de transição entre mandatos autárquicos. Um período que em muitos casos os cidadãos não sabem bem quem é de verdade o seu líder, se o que sai ou se o que vencendo se prepara para ocupar o poder. A Lei é clara mas vive longe, às vezes muito longe, dos cidadãos que sobrevivem no interior do país quer por desinteresse dos mais novos quer pela iliteracia dos mais idosos.

É pois neste tempo que governantes de "g" pequeno, colocam à discussão pública os impactos ambientais, elaborados em low profile, sobre a exploração do minério lítio. Consulta unicamente por via digital ou seja acessível apenas por meio informáticos onde a rede de telecomunicações privada o permita em boas condições o que mão se verifica em muitos lugares do esquecido interior.

Nas várias zonas com potencialidade para a exploração do minério lítio aparece Segura no distrito de Castelo Branco, Município de Idanha-a-Nova. Segura aldeia raiana transfronteiriça esquecida do poder municipal quanto mais do distrital, faz parte neste tempo d'agora da União de Freguesia Zebreira e Segura onde ocorre mudança na estrutura autárquica com passagem de poderes.

Será que o ainda Presidente da União tem ou teve conhecimento da colocação em discussão pública do estudo de impacto ambiental para a exploração do lítio entre Segura e Salvaterra do Extremo, consignado no Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio? Se tem o que é que fez, que medidas tomou para dar conhecimento aos cidadãos da União? Será que imprimiu o tal estudo para o colocar nos expositores de editais quer na Zebreira quer em Segura e comunicando o facto à União de Freguesia de Monfortinho e Salvaterra do Extremo?

É claro que o novo Presidente da União é apanhado neste turbilhão criado pelo Poder Central através do tais governantes de "g" pequeno, cujo termino esta previsto para 10 de Novembro e que pouco poderá fazer a não ser a divulgação da discussão em papel e não em digital, para que possa chegar a todos os munícipes interessados da União no caso de ele próprio estar interessado. A própria União de Freguesia não deverá ter verba própria ou capacidade de endividamento publico para pedir parecer técnico que confirme ou contraponha outros pareceres ao programa agora posto à discussão, ficando mais uma vez dependente do que irá o senhores Presidente do Município fazer, tão habituado que está a “reinar” como senhor absoluto, privilegiando umas poucas populações em detrimento das outras populações transfronteiriças da zona sul do Município e com tantos favores para com os do poder central e distrital na ajuda para o novo mandato, pelo que me arrisco a dizer que pouco ou nada há a esperar em mais um assunto de vital importância para os municipes da União de Freguesias.

Claro como a água transparente das fontes que o Presidente candidato e de novo eleito Presidente não propagandeou na sua campanha de muitos projetos propagandeados para a reeleição o referido estudo cujo conhecimento da sua realização tinha sido publicado oficialmente mesmo antes do período eleitoral.

Soube o Presidente candidato e de novo Presidente apresentar um projeto de praia fluvial no Rio Erges em Segura elaborado à pressa por amigos em adjudicação direta cerceando outras ideias que com certeza existem para aquele local; mas grave mesmo é ignorar e esconder dos munícipes a realização do estudo de prospeção do mineral lítio em terras situadas na entre Segura e Salvaterra do Extremo, que a realizar-se irá mudar o ambiente local podendo por em risco a utilização da água subterrânea assim como a qualidade dos alimentos que ainda se produzem nas pequenas hortas e explorações agrícolas.

Se se efetivar a exploração, se a entidade que o poder central escolher para a exploração do lítio não for obrigada a um controle apertado a 120% das condições de exploração salvaguardando os bens naturais e a biodiversidade natural existente, lá teremos o Presidente do Município a abandonar a União de Freguesia Zebreira e Segura à sorte dos interesses exteriores especulativos e interesseiros apenas e só na exploração do lucro com a sua «corte» a acreditar que o senhor tudo fez na defesa dos interesses do Município.

Não alinho nos argumentos de ambientalistas que afirmam ser o Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio, um grave ataque ao mundo rural que põe em causa o desenvolvimento sustentável da região. Não concordo com esses argumentos porque na região de Segura no Município de Idanha-a-Nova nem sequer à desenvolvimento económico, abandonados que tem sido pelas políticas municipais e centrais.

Procuremos saber pois o que pensam os nossos governantes de “g” pequeno sejam eles do poder central, distrital ou do poder municipal de modo a podermos emitir a nossa livre opinião na defesa do bem estar económico e social sustentável das nossas terras, das nossas propriedades, das nossas fontes e cursos de água porque não nos iludamos que só irão explorar os solos sem se importarem com as nossas oliveiras, azinheiras e sobreiros centenários. A transformação e produção do lítio não será feita no Município nem tão pouco sabemos se irá ser feita em Portugal daí que as oportunidades de trabalho sustentável não irão existir, talvez algum trabalho precário ou então a vinda de emigrantes que sem outra alternativa nas suas terras de origem se sujeitam ao trabalho quantas vezes semiescravo. Lembremo-nos do que passaram os nossos avós e pais quando tiveram de emigrar a salto para terras de França onde para alcançarem o poder de dar uma melhor vida à sua família se também eles se sujeitaram ao pão que o diabo amassou. Mesmo na parca hipótese de Portugal ter uma unidade de transformação e produção de lítio ela quase de certeza será no litoral e não no interior onde as terras ricas em lítio existem. Gato escaldado de água fria tem medo e lembremo-nos do que aconteceu à mina de urânio no Município de Nelas ou do que aconteceu nas mesmas terras de Segura com a exploração do volfrâmio.

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