quarta-feira, 24 de novembro de 2021

21.10.19

Com o avançar da idade vou vivendo as minhas lutas e duvidas internas sobre o melhor caminho para a vida coletiva de todos nós. Coisas, pensamentos onde a utopia que comigo sobrevive entra em liça com o conservadorismo que o avançar da idade nos trás.

Ia eu conduzindo pela estrada municipal que liga à sede do Município e dei comigo a pensar que quando falei a um amigo em cortar os rebentos de azinheira e sobreira que estão a destruir o muro de pedra de um chão, logo o amigo me alertou para as possíveis consequências do ato, pois que a azinheira e a sobreira são espécies protegidas, mas, ao caminhar no meu passo sem pressa pela estrada municipal vejo que antigas talvez mesmo centenárias azinheiras, sobreiros, oliveiras e outras tantas árvores foram simplesmente arrancadas ao longo de muitos hectares para darem lugar a um mar de amendoal intensivo e super intensivo onde entre as pequenas amendoeiras assim plantadas nem as ervas sobrevivem. Para esta nova e moderna agricultura as velhas árvores azinheiras e sobreiros terão perdido a natureza de espécies protegidas mas para o mini-micro proprietário a lei, cuja letra de lei presumo única, tem outro espírito, outra interpretação face ao poder que os valores dos euros impõem à sociedade atual.

Ia pensando estas coisas quando me lembrei que estava andando num território englobado na "Reserva da Biosfera Transfronteiriça Tejo/Tajo Internacional" a qual faz parte da "Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO", dizendo o Município que o mesmo é uma Bio-Região, é muita coisa para tanto amendoal super-intensivo, sem esquecer outros olivais intensivos e super-intensivos, para tanto agro-tóxicos (pesticidas) utilizados que não deixam as ervinhas serem verdes na linha das pequenas árvores, sem esquecer que o Rio Aravil com tanto bio-produto amigo(?) já viu os peixes emigrarem para outras águas mais limpas de nutrientes duvidosos e o mesmo se passará com as diferentes espécies de aves que constituíam a biodiversidade da região agora transformada num monopolizante amendoal super-intensivo.

Ainda não há muitos dias vieram “chefes” culinários de renome e de vários sítios para promoção dizem-me que dos produtos biológicos que por cá se produzem. Assim como não há almoços grátis, para mais com “chefes” de renome, também não nos dizem qual o impacto económico desses eventos na economia regional. Agora novo evento se anuncia nos sempre mesmos locais, para promoção e divulgação de uma melhor alimentação com os tais ditos biológicos, tudo isto num Município que vê os mais jovens desertarem, sendo o viver dos mais idosos, o verificarem o desaparecimento dos outros. Sendo a população que resiste a viver por cá dispersa e envelhecida… qual será o mercado alvo destes eventos promocionais? Já procurei saber quantos produtos e empresas existem no Município certificadas como produtoras e que produtos biológicos reconhecidos, mas a informação disponível no sítio do Município prima pela ausência de informação sobre este assunto tão promovido. Entre o que o meu olhar avistava nas duas margens da estrada municipal e as minhas interrogações sobre o porquê de tanta promoção aos tais biológicos meio desconhecidos, subi lá acima à Idanha passei pela praça porque gosto de ver o tradicional comercio e fui ao talho comprar umas morcelas de assar um paiote de porco preto tudo bom e tradicional porque os enchidos tradicionais da região eram e são do melhor que conheci e conheço mas há quem goste de promover outras coisas, outros produtos que estarão mais na moda de uma certa franja de mercado a afastar-se da boa cozinha portuguesa da boa e da saudável dieta mediterrânea. Opções. E quem tem o poder, manda.





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