terça-feira, 10 de janeiro de 2023

22.09.14

Andava ele sem rumo, buscando bússola que lhe indicasse caminho para o seu futuro, vivendo sem trabalho por conta de alguém, sem dinheiro, sem fundo de desemprego nem seguro, quando naquele longo corredor do edifício sede da CGD o telefone tocou e no pequeno ecrã viu o nome e número da sua filha mais nova.

Sabendo que o podiam chamar a qualquer momento para a reunião que tinha solicitado afim de apresentar o anel para o tratamento físico da água, atendeu a filha.

Do outro lado da linha a voz da sua filha denotava uma ansiedade muito grande. Ansiedade, preocupação talvez mesmo algumas lágrimas. Ouviu serenamente a voz da filha em modo ansioso e preocupado dizer-lhe: - pai, estou grávida.

Aquela filha sempre fora um caso bicudo de comunicação entre eles dois, pai e filha. Não era a primeira vez que a filha, que pouco ou nada comunicava com ele de forma pacífica, que em momento de aflição afetiva procurava amparo junto dele, como se ele fosse o seu porto seguro.

Se ele andava meio perdido na vida sem rumo, a filha tinha deixado o emprego efetivo que tinha em Linda a Velha, indo viver com o namorado para Torres trabalhando sob contrato a prazo numa instituição, estando também ela numa situação de vida pouco estável.

Ouviu as preocupações e as dúvidas da filha, imaginando as possíveis pressões a que estaria sujeita. Serenamente, perguntou-lhe qual era o seu desejo, a sua vontade. Perante a resposta da filha de que desejava muito ser mãe, então ele deu-lhe toda a força que tinha e não tinha. Que contasse com ele para o que fosse necessário, que na vida só a morte não tem solução alternativa.

Como a sociedade dos humanos em que vivemos é implacável e pouco humanista, a filha com a gravidez em desenvolvimento, não viu a instituição onde trabalhava renovar-lhe o contrato de trabalho.

Entretanto, os meses e as luas foram passando na sua cadência constante e a gravidez desenvolvendo-se até que num final de domingo, dia 14 do mês de Setembro de 2008 a sua filha deu à luz uma menina. Uma Maria que hoje chega às suas catorze primaveras, como diria a sua mãe num postal ilustrado que lhe enviaria por correio como fazia com as suas netas.

Maria, que já não é só uma menina mas uma neta muito linda para o seu orgulhoso avô e não só, também e principalmente, para os seus pais.

Hoje, no dia do teu aniversário começas mais um ano de aulas, mais uma etapa na tua vida que te desejo longa. Mais um ano de escola que irás vencer com a tua capacidade e gosto de aprender. Que a Felicidade seja sempre companheira de tua vida. Nunca deixes de acreditar em ti, na tua força de vencer as dificuldades que a vida nos apresenta.

Beijos neta Maria.

Zebreira, 14 de Setembro de 2022




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