terça-feira, 10 de janeiro de 2023

22.10.05



Vive livre entre fronteiras. Da terra raiana à beira-mar onde crescendo se fez gente, e, da beira-mar até à terra raiana onde nasceram e estão as raízes dos seus antepassados. Não pertence a nenhuma associação, a nenhum grupo, a nenhum partido político, a nenhuma corporação.

Tem gostos e simpatias de acordo como olha e sente a vida longe da multidão, não segue correntes nem ritos. Não foi nem é "Maria vai com as outras" nunca foi, não é e não será.

Ao caminhar pensa nas coisas da sua existência de vida, no que aprendeu nas escolas, nos livros e a vida lhe ensinou. Sabe pois, que nunca foi nem será dono de nada, muito menos da verdade seja ela absoluta ou relativa. Os poucos bens materiais que têm registados em seu nome já existiam antes de ele os registar por obrigações de cidadania. Um dia já não muito longe acabará a sua viagem quando a dualidade que lhe dá vida se desfizer, deixando todos esses poucos registos materiais para os outros cuidarem da forma como lhes aprouver.

No cimo da duna frente ao mar profundo ou nas profundezas do interior raiano pensa como seria a vida no Planeta se os homos sapiens em vez de se guerrearem pela felicidade individualista consumista, se preocupassem mais com felicidade coletiva dos povos em respeito pelos outros e pelo Planeta que tudo nos deu e dá, mesmo quando a inveja, a ganância e ânsia de poder absoluto o vão destruindo lentamente.

Depois de reler o que escreveu neste início de mais um dia, olha-se no espelho e sorri contente por a utopia ainda estar viva dentro de si.

Ao voltar a casa depois da volta matinal com a sua amiga, sentou-se e lembrou-se:

Hoje é 5 de Outubro, data da implantação da República. Desde os tempos em que na juventude tomou consciência política que se sente Republicano. Não renega o passado monárquico dos antepassados desde o século XII ao início do século XX, mas prefere a República à Monarquia. Ao ler novos livros de escritores independentes sobre a história de Portugal, para além de alguns Reis, três figuras femininas de Rainhas sobressaem e nenhuma era portuguesa, D. Teresa que era galega, mãe de D. Afonso Henrique, D. Filipa de Lencastre que era inglesa, mãe da "inclita geração'' de onde sobressai o D. Henrique com a sua visão de iniciar a globalização, e por fim D. Luísa de Gusmão que era castelhana, mulher do futuro D. João IV que o empurrou para a reconquista da independência em 1640, quando este estava indeciso.

Como Republicano sente-se agradecido a alguns Reis e Rainhas, mas prefere poder escolher o Presidente de tantos em tantos anos do que ter de suportar linhagens de sangue por herança. Presidentes e Reis bons e maus haverá sempre, assim como, o atual Presidente da República que também se julga Monárquico e hoje para tirar mais umas fotos irá botar "faladura" na comemoração da implantação da República.

Ao contrário do Presidente, ele é republicano mais à esquerda que ao centro, anti-anárquico amante que é da disciplina em todos os sentidos. Republicano, reformado, mas com a convicção crescente de que só o trabalho dignifica o ser humano, como tal, crítico das atuais noções de subsídios, que se instalaram na política democrática e que está levando as sociedades democráticas para os braços dos novos encapotados inimigos da liberdade democrática, defensores que são do pensamento único e do trabalho semiescravo em defesa de meia dúzia de famílias à imagem do nosso antigo Estado Novo.

A República e a Democracia estão doentes, "o rei vai nu" mas os políticos governantes nos seus egocentrismos e mordomias assobiam para o lado, como um dia lá atrás no tempo em que o reino viu o trono ser ocupado por um triste e louco D. Sebastião. 

 

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