terça-feira, 10 de janeiro de 2023

22.09.30

Ao acordar olhou as horas no aparelho de comunicação vendo de relance que tinha mensagem do número 2424. Dirigiu-se para a casa de banho, sentou-se na sanita e olhou as primeiras páginas dos jornais, assim como as "redes sociais" que ainda usa. Lavou-se, vestiu-se, arranjou a cama e só depois sentado à mesa da salinha que lhe serve de depósito de livros, computador e papéis, olhou a mensagem do serviço 2424. Convocavam-no para a vacina covid/gripe. Não sabe se irá responder, mesmo que a data limite para a resposta seja o próprio dia em que recebeu a mensagem, hoje. Continuam a trabalhar mal sem respeito pela vida dos cidadãos.

Vai procurar aconselhar-se com o deus Neptuno se o mesmo lhe aparecer à beira mar ou mandar alguma das suas ninfas como intermediária. Andou pela beira-mar. Procurou-o e esperou-o, mas nem o deus, nem nenhuma das suas ninfas veio à beira-mar. Ainda perguntou à sua sombra se devia responder, mas depois de um prolongado silêncio está segredou-lhe: - esquece, trata-os com a mesma indiferença com que ele te trataram; aproveita este sol de Outono e vai apanhar o teu banho de sol à tua coluna, que essa sim merece toda a atenção e cuidado. Concordou e desceu para as rochas, sentou-se virando as costas para o sol, abriu o livro e continuou a sua leitura.

Cada dia que passa os organismos estatais mostram o seu poder discricionário numa falta de humanismo e respeito inimaginável lá atrás no tempo em que a democracia nos prometia um país mais solidário e fraterno. 

 

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