segunda-feira, 20 de março de 2023

07.03.23

A ICAR Igreja católica apostólica romana, criada à volta da vida e imagem de Jesus a quem acrescentou o nome de Cristo, tem o seu centro físico em Roma onde Jesus, o judeu, nunca lá foi, nunca lá esteve, não falava latim, vivendo ao que se sabe entre a Judeia e a Galileia ao lado dos mais desprotegidos da sorte em oposição não só ao poder romano ocupante daquelas terras, como também em oposição à vida faustosa dos religiosos fariseus em sintonia com o poder romano.

Com a criação da imagem de Jesus Cristo os primeiros cristãos implementaram e consolidaram um Império de poder enorme, destruindo tudo o que vinha da designada época clássica, obras literárias, monumentos, estátuas esfinge de antigos deuses, tudo o que se pudesse opor ao novo poder de um Deus único à sua medida era destruído, incendiado ou de imediato julgado e condenado. Um poder nascido com enorme violência e imposição a que alguns investigadores chamam "O Início das Trevas" centrado na imagem poderosa de um Papa como representante do Deus único e chefe máximo da Igreja cristã.

 Implementado pela força esse poder eclesiástico centralizado em Roma, tornou-se determinante na evolução da vida dos povos. Tão grande era o poder da Igreja que Reis e Nobres governavam prestando-lhe vassalagem, criando-se desde logo a imagem que o mundo civilizado era o dos cristãos, todos os outros eram hereges dominados não pelo Deus dos cristãos mas por deuses do mal que era preciso dominar, convertê-los ao cristianismo pela força das armas se necessário, sem esquecer as famosas fogueiras da Inquisição. Tudo em nome de Deus e da riqueza da poderosa igreja.

Na luta interna pelo controle das riquezas e populações tementes ao Deus cristão deram-se ao longo da história várias cisões, ficando o Papa em Roma como o representante máximo apenas dos cristãos católicos.

Até a data da nossa independência esteve condicionada ao reconhecimento papal, tendo o rei D. Afonso Henriques se comprometido a pagar em ouro a independência que o seu primo de Leão e Castela já tinha reconhecido.

É a história de Portugal uma viagem ligada ao poder papal em Roma, com o mesmo a perder influência após o mandato de Sebastião José de Carvalho, Marquês de Pombal. Igreja que durante o reinado de D. Manuel I, como que assume também o poder da justiça, não só com o estabelecimento da Inquisição como com o Tribunal do Santo Ofício. É esta aliança entre reis e clero ortodoxo que molda o futuro do povo português durante 285 anos, passando Portugal de um pequeno país florescente e grandioso com os descobrimentos de outras terras, outros mares e gentios, a implementar não só uma perseguição religiosa a judeus sefarditas e mesmo aos que pela força ou voluntariamente se tinham convertido em cristãos-novos, como também aos homens da ciência que pensavam diferente, mais além.

Com o estabelecimento da ditadura religiosa anacrónica foi o Portugal definhando economicamente vendo seus antigos territórios do Oriente ocupados por povos de outras nações.

A Igreja perde poder com o Marquês de Pombal, que não só pôs fim à Inquisição, como acabou com a proibição dos cristãos-velhos não poderem casar com cristãos-novos, perde influência com a vitória dos liberais comandados por D. Pedro IV sobre o irmão absolutista D. Miguel I, continuando a perder influência na primeira República. Recupera de novo o seu estatuto de principal força moralizadora de hábitos e costumes com a ditadura que o 28 de Maio proporcionou ao escolherem o beato Salazar para governar o país numa posterior santa aliança com o cardeal Cerejeira.

Se aos 285 anos da Inquisição (ditadura religiosa extrema) somarmos os 48 anos da ditadura salazarista (onde a Igreja católica comandada pelo cardeal Cerejeira de mão dada com a política salazarista controlou cidades, vilas e aldeias na mentalidade parametrizada pelos "bons costumes e públicas virtudes" instituídas a Bem da Nação), poderemos compreender muitos dos acontecimentos que ocorrem na moderna sociedade portuguesa que o 25 de Abril de 1974 proporcionou a todos, incluindo as alianças ocultas entre o poder político e a Igreja após o estabelecimento da "Nova Ordem Democrática" em Novembro de 1975.

 

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