O miúdo que aos cinco anos foi salvo pela penicilina, quando seus pais já preparavam a mortalha, chegou aos 72 anos.
Chegou aos 72!, até onde irá chegar não sabe. Sabe que continua a gostar de viver, continuando a sonhar, reconhecendo-se como um utópico cada dia mais longe de pragmatismo reinante que nos vai iludindo com promessas redondas, desejando que os dias futuros sejam curtos para que sejam muitos, intercalados com dias longos para aprender a saborear a velhice que nele habita, já que a vida sendo uma festa não deixa de ser uma escola onde muito se pode aprender qualquer que seja a idade.
Antes de ouvir a música do Zeca, ouviu sua mãe cantar embalando os filhos,
"O meu menino é pequenino
Às escura não o acho
Uma pulga deu-lhe um coice
Deitou-mo da cama abaixo"
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