sábado, 11 de março de 2023

22.12.08


No tempo em que eram jovens e a Liberdade era um sonho proibido, hoje era o designado dia da Mãe, feriado católico de Nossa Senhora da Conceição. Naquele tempo de juventude a ida à missa era um ritual familiar e comunitário da aldeia onde viviam. Com a vinda para a cidade grande para continuarem os estudos, outros mundos, outras realidades foram descobertas.

Seja no primeiro domingo de Maio seja no dia 8 de Dezembro, todos os dias são dias de sua Mãe segundo o seu pensamento. Essas classificações de um dia ser da Mãe, o outro do Pai, mais outro não sei do que, são necessidades criadas pelo sistema que nos controla a vida. Já não dá para esse peditório. Sabe que sempre foi controlado e irá continuar até ao dia em que a sua dualidade se desintegre. Já pouco se importa que o controlem. Não dá para peditórios porque a exploração da vida não irá mudar com tais ações ditas de caridade ou de ajuda humanitária. Cada dia que vive, mais se convence que só o trabalho digno poderá contribuir para a elevação da sociedade, porque só o trabalho dá dignidade ao ser humano.


A noite anterior foi uma noite iluminada de muitos relâmpagos. Relâmpagos e chuva já caiam quando andou no passeio com a Sacha no início da noite. Antes de se deitar ouviu e viu na televisão efeitos da chuva que caiu na cidade grande.

Andava na volta matinal com a sua amiga Sacha pensava revoltado porque acontecem estas coisas de mal cair um pouco mais de chuva, logo algumas zonas das cidades e vilas ficam inundadas, sem que as inundações tenham ocorrido aquando da maré-alta no Rio Tejo. 

Ia andando e falando para a sua amiga: - Pois é, deixam construir em zonas que já foram ribeiras, encanando outras de forma inapropriada, depois acabaram com os guardas-florestais, acabaram com os guarda-rios, com os cantoneiros, acabaram com os funcionários das câmaras municipais que variam as ruas e desentupiam as sarjetas das esgotos, tudo numa obediência cega às políticas liberais dos burocratas em Bruxelas, que constantemente pedem rácios que exigem a diminuição do número de funcionários públicos, com os submissos «chicos-espertos» dos nossos governantes a optarem em extinguir aquelas funções, para melhorarem o tal rácio do número de funcionários com vinculo contratual ao Estado, para em alternativa negociarem a subcontratação periódica desses serviços de riqueza e saúde publica a empresas privadas amigas ou conhecidas de alguém importante. Tu não sabes Sacha, mas eu digo-te que agora virão alguns afetados pelas chuvas, que constantemente reclamam da enorme carga fiscal pedir ajudas ao Estado para fazer face aos prejuízos que as águas lhe causaram por falta de cuidado e manutenção das redes publicas de águas pluviais. Como tu não me entendes vou calar-me por agora.


Contrariamente ao habitual, quando tomava o pequeno almoço ligou a televisão da cozinha, sabendo que ia ver ruas inundadas e muita conversa à volta dos problemas que terá causado. Ficou triste com a morte de uma senhora ocorrida em Algés.


Ao ver e ouvir os disparates da estação televisiva franchisada, lembrou-se da história que quando era diretor administrativo e financeiro de um laboratório farmacêutico, (no tempo em que as empresas de auditorias se preocupavam muito mais em verificar e conferir a justeza dos procedimentos contabilísticos de gestão seguidos, do que terem grandes volumes de negócio na sua carteira), o diretor da empresa de auditoria estrangeira que era responsável por auditar as contas e proceder ao relatório final, ter comentado que nos escritório da sede nos Estados Unidos tinham selecionado diversos estagiários todos com altas notas de curso oriundos de universidades de renome. Quando disseram a um desses jovens altamente classificado por uma universidade de renome que viria estagiar para a sucursal de Lisboa, viram-no a procurar onde ficava Lisboa no mapa da Argentina.

Também hoje de manhã os anunciantes do canal franchisado teimavam em noticiar a morte da infeliz senhora em Algés como consequência das cheias em Lisboa, desconhecendo eles que Algés pertence ao concelho de Oeiras e só uma ou duas ruas estarão dentro dos limites de Lisboa. Já o canal televisivo do empresário maior poluidor do Rio Tejo em território nacional, identificava corretamente Algés como Oeiras.

Depois, tomou nota da imagem de um comerciante que tinha na parede do estabelecimento que no seu negócio não havia multibanco, a queixar-se dos prejuízos.


Quando lhe meteram no ecrã o senhor “Comentador-mor do tudo e do nada” a acompanhar o seu delfim político um Moedas sem cotação cambial, desligou. Levantou-se e foi procurar entre os seus livros «PORTUGAL A História De Uma Nação» “Como se ergueu, criou o primeiro império global e, depois, entrou em declínio” . Triste fadário o nosso que nunca mais chegamos ao ponto mínimo do declínio para invertermos o rumo em benefício das gerações vindouras.


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